Cinema

Crítica – O Chamado 3 será se acertou

Confira o que achamos sobre o novo filme da franquia

Talvez o grande mérito do primeiro filme da franquia “O Chamado”,  foi apostar numa fórmula que até então era novidade na construção do terror  mais contido e voltado para poucos personagens, o que facilitava a criação do clima  simples para o espectador comprar a ideia.

Os problemas começam a partir do momento que se tem sucesso de bilheteria, grande demanda de consumo, mas pouco capital intelectual para continuar uma história e conseguir manter a qualidade técnica e narrativa, bem como implementar algumas ideias novas para o gênero.

E como não podia ser diferente, em 2017 chegamos ao terceiro filme da franquia e com os mesmos problemas de tantos outros nomes que sofreram com continuações. Jogos Mortais, Ouija, e Atividade Paranormal são apenas alguns poucos exemplos que caíram em desgraça.

O longa dirigido por F. Javier Gutiérrez já começa derrapando ao optar pelo comodismo, uma ideia velha para uma roupa velha, é algo até obvio, se o filme anterior não funcionou tão bem, talvez o mais interessante seria tentar uma nova fórmula, mas o que se percebe em “O Chamado 3”  é mais do mesmo.

A trama é a mesma de sempre, se uma pessoa assistir ao vídeo da fita é “condenada” e morrerá em 7 dias e já na primeira tomada percebe-se que agora, ao contrário do primeiro filme, a coisa ganharia maiores proporções e tomaria ares megalomaníacos desta vez, só que logo em seguida o filme se desloca totalmente da ideia do minuto anterior e começa uma história mais limitada.

Ao longo de toda a projeção uma boa parte é dedicada a mostrar o rosto bonito dos atores que fazem os personagens, que são totalmente unilaterais e não transmitem credibilidade que um filme de terror precisa.  Os atores visivelmente estão desconfortáveis com os papéis e dificultam muito o carisma que por ventura poderiam ter, e o roteiro descarta um personagem sem o mínimo de lógica pela importância que ele ganhou em alguns minutos.

Mas isso poderia até ser irrelevante se o roteiro fosse bem escrito e a estória fosse bem trabalhada, o problema é que faltou habilidade pro diretor em conduzir a narrativa e ela se perde por diversas vezes durante o filme, a cada quinze minutos é sugerido uma ideia nova e logo em seguida é descartada sem fundamentação alguma.

O Chamado 3 soa tão preguiçoso que nem boas referências ele possui, dificilmente esse será um ponto a se apoiar para agradar ao público e talvez o maior questionamento a se fazer após assistir é: onde foi parar o terror? O filme soa como tudo, menos terror, o foco literalmente é mais para uma aventura com temas investigativos que propriamente um filme que visa a aura sombria, o que colabora mais uma vez com a falta de rumo do roteiro que está mais para um episódio mal feito da série Supernatural.

Victor Magalhães

Formado em Ciências Contábeis, mas atuando na área financeira, atualmente estuda Direito, viciado em comprar livros (mesmo sabendo que talvez não vá ler rs), cinéfilo, gamer, aspirante a crítico de cinema, apreciador de séries e desenhos, pode ser encontrado facilmente pelos melhores bares da cidade.