CRÍTICA | O JUSTICEIRO – 2ª TEMPORADA
Frank Castle está de volta com novos e velhos desafios!
A segunda temporada de O Justiceiro estreou em 18 de janeiro na Netflix e, como bons viciados que somos, já maratonamos! Sem mais delongas, vamos ao veredito!
PONTOS FORTES
O roteiro de Steve Lightfoot é bem ousado, trançando dois plots numa única temporada, sem perder o foco em nenhum dos dois e resolvendo ambos com coerência. Sua atenção é dividida entre proteger a garota a quem ele conhece como Rachel de uma gangue que a persegue e a fuga de Billy Russo do hospital. O roteiro consegue enlaçar os dois focos sem ficar devendo atenção a ninguém.
Todo o apelo emocional e psicológico da temporada é majestoso: o envolvimento da terapeuta Krista Dumont com seu paciente Billy Russo; os problemas psicológicos pessoais de Krista; o trauma e obsessão da agente Dinah Madani; os bloqueios de Billy aos fatos. Além disso, temos todos os dilemas de Frank: ele resolve ajudar “Rachel” (que na verdade se chama Amy) por impulso paternal ou porque ele precisava de uma desculpa para matar?; a constante reflexão sobre a linha tênue entre ser um vigilante ou um monstro; a compaixão pelos bandidos que citam suas famílias.
A série traz reflexões muito profundas, envolvendo política e religião. Uma trilha de sangue e morte causada apenas por vergonha, visto que os pais do senador Schultz não aceitam sua homossexualidade. O casal Schultz então manipula John Pilgrim, ex-nazista “redimido” pelo fé, a fazer o trabalho sujo de encontrar as fotos comprometedoras que seriam usadas contra o senador. Pilgrim é convencido pelo uso da fé, por acreditar estar à serviço da sua comunidade, e por fim, o fato de os Schultz deterem seus filhos o impedem de parar a perseguição à Amy, mesmo quando ele entende a manobra em que caiu.
Em termos de produção, nada ficou a desejar. Todas as cenas de ação muito bem coreografadas, fotografia bem feita e coerente, trilha sonora muito bem escolhida e encaixada. A direção de arte e efeitos especiais são primordiais, sendo a série indicada para o público maior de 17 anos devido ao realismo.
PONTOS NEGATIVOS
Não há muito o que dizer de ruim sobre a temporada. O codinome Retalho poderia ser usado para Billy Russo, mas esse detalhe não atrapalha o desenlace da história, afinal o foco era mostrar a transformação do personagem de paciente transtornado por não saber o que aconteceu com ele em um completo sociopata. A maquiagem também incomoda, já que o personagem termina a primeira temporada completamente desfigurado. Porém, a própria série explica a “boa aparência” de Russo devido à intervenções cirúrgicas e provavelmente esse esforço em manter o personagem com uma certa beleza tenha sido para ajudar a criar o laço entre ele e Krista. Outro fato sobre Billy: seria interessante que ele pudesse ter questionado Castle sobre o motivo de ele ter estraçalhado sua cara e que este tivesse respondido antes de matá-lo, para gerar um clima de remorso por parte de Russo.
O rápido affair entre Frank e a balconista de bar Beth, que ficou totalmente sem desfecho, sendo esquecido logo após o fim do primeiro episódio é completamente desnecessário. É apenas uma forma de mostrar que Castle jamais poderá ter o que sempre quis (família) sem arrastar todos à sua volta para o caos que é a sua vida. A subutilizada Beth ainda aparece como primeira fonte de informação sobre o paradeiro de Frank, sob ameaça, e só.
Outro personagem mal utilizado foi o próprio senador David Schultz, que poderia ter um grand finale discursando contra tudo que ele descobriu sobre a conduta dos pais para encobrir sua opção sexual e abominou, contudo a produção parece ter preferido não se aprofundar na questão “sexualidade x vida política”.
BALANÇO
A segunda temporada de O Justiceiro é completamente empolgante, com uma história fluida que prende a atenção e tira o fôlego. John Bernthal permanece icônico na pele do personagem-título e Ben Barnes dá um show de atuação vivendo Billy Russo. Sem plot twists, o roteiro segue um rumo sólido e certas vezes previsível, mas não menos do que o esperado.