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CRÍTICA | O Passageiro

Ação com Inteligência!

O cineasta espanhol Jaume Collet-Serra vem trilhando uma carreira competente com base em um princípio simples, mas muito eficiente: revisitar gêneros. Isso é facilmente percebido quando se analisa os filmes que ele fez até o presente momento. Como: Águas Rasas, A Órfã e Sem Escalas, por exemplo.

Sem a pretensão de reinventar a roda, seus filmes trazem uma síntese do que há de mais interessante nos temas e nos estilos propostos, de forma a dar uma assinatura própria sem perder a essência anteriormente proposta, o que de certa maneira traduz a habilidade de Collet-Serra como diretor de filmes de entretenimento.

O que dizer de seu novo trabalho?

Collet-Serra reedita a parceria com Lian Neeson em mais um filme que vai mesclar elementos de suspense e ação, mas demonstrando um pouco mais de pretensão ao tentar inovar na linguagem, agora o diretor se permite usar de vários elementos que ficaram muito conhecidos por terem sido criados por Alfred Hitchcock para construção do suspense.

Primeiro a notável influência em Pacto Sinistro (Strangers on a Train – 1951) não apenas pela abordagem narrativa que Hitchcock propôs na questão da coincidência, quando dois personagens movem a narrativa aparentemente por obra do acaso, mas que na verdade se descobre que não é bem assim, isso Collet-Serra trabalhou de forma consistente em O Passageiro, quando nos deparamos com a personagem de Vera Farmiga (curta, porém contundente). Como também nos enquadramentos de câmera que são bem semelhantes.

Não apenas isso! Pode-se perceber, também, a diferenciação entre suspense e surpresa. Vários atos dos personagens no decorrer do filme levam o espectador a acreditar em uma coisa que aparentemente é inocente quando se revela assustadora (surpresa), como também na incógnita que esse personagem tem em sua cabeça enquanto pensa no que fazer para evitar uma outra situação piorada (suspense). Isso deixa a narrativa curiosa, o que mantém a atenção focada no filme.

Dentro da proposta de um filme fundamentalmente voltado para o entretenimento casual, o diretor mantém um padrão de qualidade aceitável e competente, não propondo absurdos megalomaníacos como outros fazem, prendendo a atenção do público e proporcionando uma diversão escapista, porém inteligente.

Victor Magalhães

Formado em Ciências Contábeis, mas atuando na área financeira, atualmente estuda Direito, viciado em comprar livros (mesmo sabendo que talvez não vá ler rs), cinéfilo, gamer, aspirante a crítico de cinema, apreciador de séries e desenhos, pode ser encontrado facilmente pelos melhores bares da cidade.