Alerta de SpoilerSeriados

Análise | Narcos – 3ª Temporada

Atenção, Spoilers a seguir!

Após as duas primeiras temporadas de Narcos, todo mundo ficou desconfiado com o que viria a seguir. A segunda temporada acabou arrastando a história de Pablo Escobar além do que devia, por isso e pela saída do Wagner Moura, quem encarnava o narcotraficante com maestria, duvidamos bastante do que viria nessa temporada. Para nossa grata surpresa a Netflix acertou de novo, como? É o que veremos a seguir.

Como todo grande sábio, aprender com os erros é fundamental! E foi isso que a Netflix fez, a receita simples. O que esperávamos aflitos era: como Pablo poderia ser substituído e se o Cartel de Cali iria ser bem aproveitado, principalmente por ter quatro personagens centrais. Mas muito pelo contrário, caros leitores, logo no final do primeiro episódio conseguimos ver que a temporada promete entregar uma história bem amarrada, concisa e emocionante. Como o mundo inteiro conheceu, a cassada à Pablo Escobar não acabaria com o narcotráfico, pelo contrário, faria ele se fortalecer e se organizar. E é nesse ponto que a temporada aposta para nos mostrar em sua perfeita narrativa que o crime organizado pode comprar um país. Dessa vez o lado da DEA é liderado pelo conhecido Javier Peña (Pedro Pascal), que se vê durante toda a temporada de mãos atadas diante dos recursos e subornos do Cartel de Cali. Os cavaleiros de Cali (Como se chamavam) são muito bem aproveitados, é possível ver os dramas e conflitos de cada um deles, suas personalidades diferentes é o que faz a engrenagem do cartel funcionar muito bem. A temporada não enrola em momento algum, e fica quase impossível não maratonar a série, principalmente pela curiosidade de saber o que vai acontecer a seguir. Muito dessa curiosidade se dá por conta de Jorge Salcedo (Matias Varela). Enquanto a cassada acontece e o jogo de xadrez entre Javier e os cavaleiros de Cali se torna cada vez mais intenso, Salcedo nos apresenta a melhor trama paralela da série, trama essa que se conecta à história principal e nos trás tensão real durante os episódios.

O quarteto de líderes do cartel de Cali, os irmãos Gilberto (Damian Alcazar) e Miguel Rodríguez (Francisco Denis), acompanhados de Chepe Santacruz Londoño (Pêpê Rapazote) e Pacho Herrera (Alberto Ammann) tem uma filosofia de trabalho muito mais elaborada do que a de Pablo, eles não são populistas, são homens de negócios, políticos e agem nas sombras, mantendo até o presidente da Colômbia em sua lista de suborno. Toda essa organização faz com que Javier Peña tenha que se desdobrar junto com seus agentes para burlar um sistema completamente vendido. A atuação dos Cavaleiros de Cali é digna, assim como a de Pedro Pascal, que nos entrega um Javier Peña no tom exato, sem exageros; é uma de suas melhores atuações. Narcos entrega sua melhor temporada, conseguindo resolver o Cartel de Cali com apenas uma temporada e nos vislumbrando a próxima temporada rumo ao México. Com José Padilha ainda como produtor executivo, podemos esperar algo no mesmo nível para os próximos capítulos.

Narcos 3ª Temporada – Nota: 10

Direção: Andrés Baiz, Gabriel Ripstein, Josef Wladyka, Fernando Coimbra.
Elenco: Pedro Pascal, Damian Alcazar , Francisco Denis, Pêpê Rapazote, Alberto Ammann, Matias Varela.