Críticas

Mandalorian 2×01 – Review

Mandalorian voltou. Voltou com força para entregar aquele Star Wars raiz que tanto queremos. Um show de referências ao universo dos filmes, a grandes clássicos do Western e uma participação especial surpreendente!

Esse não é um lugar para uma criança

Na cena que abre o episódio, vemos Mando e a criança entrando num salão de lutas ilegais, procurando por informações. Já aí começa a chuva de referências. Entre uma turba barulhenta de apostadores, no centro do saçao há dois gamorreanos lutando. A sensação é que, já tendo construido uma identidade própria, na primeira temporada, Mandalorian agora vai mergulhar de vez no universo que faz parte.

Então, tão logo Mando entra no lugar com sua armadura de Beskar, as atenções se viram para ele e a pancadaria come solta. É bom perceber que nem todos os mercenários do universo vão estar atrás do Baby Yoda e que a propria presença de Mando em alguns lugares já é um risco em si.

A cena tem mais de uma função. Estabelece bem a tensão da nova temporada, na busca para qual nossos protagonistas foram enviados, pega nossa atenção na ação e num pequeno detalhe, vemos como a criança está assimilando tudo que vê nesta viagem. Ao ver as pessoas torcendo e vibrando com a violencia e morte dos Gamorreanos, a câmera faz um belo passeio e foca no rosto do bebê, que está atento. – Lembram daquele estrangulamento?

Depois que a batalha vencida. Mercenários mortos. Mando descobre onde encontrar o tal outro mandaloriano que tanto falam: Tatooine. E eu vibro.

Tire essa armadura. Ou eu tiro para você

Em Tatooine, a primeira coisa que vemos é um Pod. Logo depois aqueles droids de manutenção cabeçudinhos que estão aqui como um elemento narrativo interessante. Mando, anteriormente avesso aos droids, parece ter superado esse problema devido aos acontecimentos do fim da temporada anterior. Mais gentil e aberto, nosso caçador de recomepensas é aqui retratado pelo roteiro com pessoas próximas. Isso é uma boa estratégia, nos cria empatia. Pode ser um plano para nos preparar como espectadores para algum ponto de virada… O que estão guardando para o Mando?

Pois então, com um mapa de Tatooine em mãos, seguimos para Mos Pelgo. E nesse momento, temos  o ponto alto do episódio. A partir desse ponto tudo é referência ao cinema de western americano. Daí vem o nome do episódio: Marshal. Traduzido numa boa adaptação aqui nos comentários brazucas como xerife.

A entrada na cidade. A conversa no bar. E por fim a entrada de Cobb Vanth. O personagem, apresentado nos interlúdios da Trilogia de Livros “Marcas da Guerra”. Usando a armadura de Bobba Fett, o personagem rompe os paradigmas de Mando ao ver alguém vestir uma armadura que para seu povo é sagrado. Após um quase tiroteio e uma quimica fenomenal entre os intérpretes Pedro Pascal e Timothy Olyphant, o mote do episódio aparece: Um dragão/leviathan está ameaçando a cidade. vamos resumir, os dois fazem um acordo. O sherife vai devolver a armadura mandaloriana se nosso protagonista o ajudar a matar a fera.

Faroeste da melhor qualidade

É incrível como Jon Favreau tem uma mão boa para nerdices. É provável que em Star Wars, ele esteja em seu ambiente mais confortável. Se a Disney foi muito feliz em tê-lo no início do estabelecimento da fórmula Marvel dos cinemas, apresentando tudo do zero para o público, temos aqui uma rara oportunidade. Acontece que Star Wars é mais próximo do grande público e está fresco na cabeça de muita gente.

Por isso, e pela própria natureza de fazer referência a gêneros clássicos do cinema, temos muita tela para preencher. Juntos na missão de encontrar e matar o monstro do episódio, Mando e Cobb sem embrenham no deserto, onde encontram o povo da areia. O xerife não confia neles e logo parte para o ataque, mas Mando – o poliglota – negocia uma trégua e descobre que o povo da areia também quer matar o monstro. SUrge então uma aliança improvável – e inédita nas câmeras.

 

A partir daí, há quem lembre de “Dança com Lobos”. Há quem pense nos clássicos de Eastwood. Fato é que Mandolorian ainda não errou a mão no tom ao evocar essas lembranças. Os colonos e o povo da areia são obrigados a colocar suas diferenças de lado enquanto Mando descobre mais sobre o passado do xerife.

Em primeiro lugar, temos uma recapitulção breve do fim da Estrela da Morte e de como isso trouxe esperança para Tatooine. Mas, nas palavras do próprio Cobb: “A paz odeia um vácuo de poder.” Logo mercenários tomaram a cidade e para protegê-la era preciso um simbolo. E Cobb encontrou esse simbolo numa velha armadura mandaloriana, perdida no deserto – na verdade, dentro de um Sarlac.

A propósito, é num ninho de um Sarlac morto que encontramos nossa besta e chegamos numa linda conclusão filmada em IMAX.

Não o Star Wars que merecemos, mas o que precisamos

O grupo se reúne e preparam uma armadilha. Tentam atrair o dragão para fora do ninho, sobre minas enterradas. Mais cedo explicaram que sua barriga é o ponto fraco. Pela primeira vez em live action, vemos duas armaduras mandalorianas em sua glória, voando e lutando nas mãos de dois grandes personagens.

George Lucas gostava muito de usar o que ele chamava de fórmula das matinês. O conceito é simples. Para criar tensão, você começa mostrando as coisas dando certo para os mocinhos. Então algo acontece e todos perdem ao mesmo tempo. Então surge uma esperança e todos podem se salvar. Exceto o protagonista. Isso faz com que nos preocupemos com ele. Gera envolvimento. E é o que Mandalorian faz. No fim, a única chance de salvar a todos é entrar na boca do bicho e o explodir por dentro. Vocẽ já sabe quem fará isso.

Antes, numa cena maravilhosa, o arco de Mando e Cobb se fecha. Como se ligados pela batalha, Mando diz ao aliado que, na morte dele, o xerife deveriua cuidar da criança. E então lhe dá um golpe a lá Han Solo na mochila que outrora foi de Bobba Fett, o fazendo voar pelos ares em segurança.

O dragão avança e, conforme o plano de Mando, o devora junto com os explosivos. Um segundo de apreeensão e Mando sai de lá usando seu bastaão elétrico. O mesmo que usou no primeiro episódio da primeira temporada, num eco competente. O dragão por fim é explodido.

Por fim, o xerife cumpre a promessa e devolve a armadura, reconhecendo a importância que ela tem para o novo amigo. O final é muito western, como todo o episódio. Com Mando voando para o horizonte, sob os dois sóis de Tatooine. Ah, mas claro. A aparecição que chocou todo mundo. Nos últimos segundos, vemos Temuera Morrison interpretando Bobba Fett.

Enfim! A espera acabou! Pelo menos para quem tem acesso ao Disney Plus. Para quem não tem – e quer evitar meios menos legais – restam duas opções: Esperar ou acompanhar o Nerd Tatuado, pois semana que vem falaremos do segundo episódio.

Mandalorian estará disponível no Brasil em 17 de novembro.