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Resenha – A Maldição da Mansão Bly

Dentre as “desconhecidas” obras que influenciam todo um gênero, talvez nenhuma seja tão grande quanto “A outra volta do parafuso” de Henry James. Esta que é talvez a obra mais importante do gênero de suspense e fantasia com fantasmas de todos os tempos. Depois de ter gerado várias adaptações cinematográficas, serve de base para a nova temporada da antologia de mansões assombradas da Netflix, “A Maldição da Mansão Bly”.

Criado por Mike Flanagan para a Netflix, a série que passou a ser nomeada como “Haunting”, – ou Maldição se seguirmos a mesma linha na tradução – estrou como uma grata surpresa e uma grande promessa após a trama dramática e bem intricada da Residencia Hill e seus moradores em 2018. Dois anos atrás, ninguém sabia nada sobre Flanagan ou a série. E por isso, muito se especulou e muita ansiedade foi gerada em torno de uma segunda temporada que poderia ser ela mesma vítima de uma maldição, visto que séries antologicas de terror tendem a cair no conceito da crítica após boas estreias.

Dito isso, é bastante satisfatório que a trama se desloque do horror para o drama familiar de uma história sobre o luto de diversos personagens. Assim temos um novo cerne para história e evitando repetir o que foi visto na temporada anterior. Na nova trama, acompanhamos Dani Clayton (Victoria Pedretti), uma jovem americana vivendo há seis meses em Londres que aceita trabalhar cuidando de dois órfãos, os irmãos Miles (Benjamin Ainsworth) e Flora (Amelie Bea Smith) no interior. Ela muda-se então para a Mansão Bly, onde é recebida pela governanta Hannah (T’Nia Miler), a jardineira Jamie (Amelia Eve) e o cozinheiro Owen (Rahul Kohli). E algumas outras presenças, nem todas vivas.

Porém, ao optar pelo drama, a série perde a possibilidade de usar o ritmo lento da obra literária ao seu favor para construir a tensão e o suspense. Em lugar disso pode desenvolver os personagens em momentos de acertos, como tudo que envolve as crianças e a protagonista. Mas também temos erros, como o tio e o casal de fantasmas que em quase nada acrescentam à trama. No minimo, nesses momentos bem como na adição de um “vilão final”, mostra-se o empenho de pesquisa realizado pelos roteiristas na obra de James, realizado pelas releituras de outros contos inseridos na trama principal e evidenciado como assinatura pelos títulos dos episódios que são todos títulos de obras do escritor.

Mas, apesar do bom desenvolvimento da história principal, excelente atuação e dos bons últimos episódios, os poucos erros acabam minando uma história que fica na sombra da temporada original.

 

 

 

A maldição da Mansão Bly (The Haunting of Bly Manor)
Netflix, 2020
DIreção: Axelle Carolyn, Ben Howling, Ciarán Foy, Liam Gavin, Mike Flanagan, Yolanda Ramke