Entre Mulheres – Crítica do Filme indicado ao Oscar
Entre Mulheres
(Mulheres falam, mas parece que ninguém escuta)
Sinopse: Mulheres em uma colônia isolada lutam para se reconciliar com sua fé após uma série de agressões.
A Trama:
Baseado no livro homônimo de Miriam Toews e inspirado em eventos reais ocorridos na colônia de Manitoba, na Bolívia, o filme segue as mulheres de uma comunidade religiosa que lutam para conciliar sua fé com a realidade.
Em 2010, as mulheres da comunidade isolada seguem a religião da igreja Menonita, e acabam descobrindo um segredo chocante sobre os homens da comunidade que controlaram suas vidas e fé. É revelado que os homens usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos, às vezes resultando em gravidez.
É tradição da comunidade quase menonita manter a mulher em um estado sem educação, sem escolaridade e analfabetismo, com o objetivo de ajudá-la a ser totalmente subserviente aos membros masculinos da comunidade e às suas necessidades.
Mulheres falam, mas parece que ninguém escuta
A talentosa diretora, roteirista e atriz Sarah Polley responsável por este filme, apenas os devidos comprimentos e parabéns! Afinal nunca é fácil abordar um tema como este de forma que não fique repetitiva e traga abordagens mais interessantes para prender o público sem usar do vitimismo apenas do velho ingrediente poucas vezes utilizado por Hollywood, que é o empoderamento feminino, sem choros, sem correr para homens que não as ajudaram e só as deixam mais frágeis, não! Temos aqui uma assembleia de mulheres empoderadas com vontades, que são oprimidas, usadas, abusadas e agredidas por seus maridos; homens que acham que podem ser seus donos e pelo menos aqui elas dizem e deixam a mensagem bem clara para todas com quem estão falando, isso É INADMISSIVEL!.
Concorrendo a 2 categorias no Oscar sendo elas Melhor Filme e Melhor Roteiro adaptado, a impressão que fica após o filme é que a academia não deu a atenção necessária para o filme, e o colocou lá para não causar tanta revolta o que traz a tona aquela sensação de sempre de que a academia não evolui.
Para os homens que irão ver o filme, ou até mesmo para os que estão a ler a crítica, apenas ouçam, absorvam e aprendam com o que o filme passa, não só pelas péssimas condições de vida que as mulheres vivem graças aos homens e seu machismo mais também por que o roteiro de Sarah trata a todo momento de assuntos atuais na antiga época, veja bem a gravidade disso, é como se não houvesse mudado nada, pois tudo que é dito e visto no filme ainda se vê nos dias de hoje.
A mesma traz a exclusão que as mulheres sofrem em piadas e determinados assuntos, transexualidade, sexualidade, a questão do gênero e a posição de cada um na sociedade, tudo com delicadeza e cuidado. Apesar do ritmo lento do filme a cineasta amarra tudo muito bem no tempo de tela, traz grande fotografia e direção de elenco (ambas categorias que deveriam ter ganhado indicação) ótimos, fazendo com que você consiga assistir tranquilamente sem que fique tedioso, uma obra de toda interessante mas que desvalorizada pela indústria.
Filme chega aos cinemas brasileiros hoje 02/03/2022