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Julia Rezende diretora de “A Porta ao Lado”

O filme A porta ao lado estreia essa semana nos cinemas e a diretora Julia Rezende que dirigiu o filme  nos concedeu uma entrevista exclusiva

A porta ao lado foi o unico filme dirigido por uma mulher a estar presente na competição do Festival de Gramado 2022 ele também esteve no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo recebendo diversos elogios a ele.

Julia tem no currículo filmes e séries de comédia e drama  podemos citar alguns como Ponte Aérea, Até que a morte os separe, Depois a louca sou eu, Coisa Mais Linda e Todo Dia a Mesma Noite – o incêndio da Boate Kiss

Sinopse de A porta ao Lado

Rafa e Mari são casados e vivem um matrimônio tradicional e estável. A união segue tranquila até o dia em que o casal Fred e Isis se muda para o apartamento ao lado. Os novos vizinhos são adeptos de um relacionamento aberto, separam sexo de amor e decidiram não ter filhos. Esta forma de se relacionar desafia e provoca Mari, que começa a questionar o seu casamento

Entrevista Julia Rezende – A Porta ao Lado

1. O filme apresenta uma trama com tema atual e ótimo roteiro, instigante ao mesmo tempo maduro. Como foi a escolha dos atores para personagens e a transformação do roteiro em uma potência de filme como “A Porta ao Lado”?

JR: Esse projeto surgiu de conversas com a Letícia Colin depois que lançamos o “Ponte Aérea”. Nos pusemos a pensar e debater a ideia de traição, do que é isso pra cada pessoa e pra cada casal. Convidei a Patricia Corso e o L G Bayão, também roteiristas do Ponte, pra criarmos uma história a partir dessa provocação e chegamos em dois casais, um que vive um casamento tradicional e monogâmico e outro que vive uma relação aberta. A Bárbara é uma artista por quem tenho profunda admiração, atriz, diretora, uma criadora. Foi uma honra dirigi-la e ver nascer através dela uma personagem tão instigante. O Dan e o Túlio são dois atores maravilhosos, sensíveis, que contribuíram muito para a construção destes opostos que compõe o quarteto.

Dirigido por Julia Rezende

2. Julia, gosto muitos dos seus trabalhos, acho que você tem uma visão e direção muito interessantes e muito bem trabalhadas, seja em comédia ou dramas. Você acha que os diretores têm alguma marca registrada nas obras que eles compõem e que os telespectadores consigam distinguir um trabalho daquele diretor em específico? Se sim, qual seria a marca ou assinatura que podemos observar nas suas obras, seja para cinema, tv ou streaming?

JR: Obrigada, fico feliz. Sinto que em qualquer filme ou série que dirijo eu estou sempre me colocando ali, me projetando naquela história. Nesse sentido, todas carregam bastante do meu olhar e da minha forma de enxergar o mundo e as relações. Todo projeto leva o olhar do diretor e isso talvez seja essa marca a que você se refere. Não sei dizer qual é a minha, só posso afirmar que me coloco de forma integral em cada projeto com o qual me envolvo.

elenco de a porta ao lado no Festival de Gramado

(Edison Vara/Agência Pressphoto/Divulgação)

A Porta ao Lado e os relacionamentos

3. O filme fala sobre relacionamentos, sobre amor e sobre as formas de amar. Atualmente, existem muitos rótulos sobre isso, desde como amar, quem amar, por quem amar, sobre traições e, claro, sobre liberdades de escolhas. O filme ajuda a desmistificar e debater mais sobre como e quando falamos sobre amor?

JR: O filme busca abrir um debate sobre como estamos nos relacionando e vivendo o amor. Sobre encarar seus próprios desejos e lidar com o ímpeto de vivê-los, sobre fazer escolhas e responsabilizar-se por elas. Espero que o espectador saia da sala de cinema disposto a refletir e buscar a sua verdade.

Amor de outras formas

4. Antigamente se casar por amor verdadeiro não era uma constante, mas duradouro, mesmo tendo diversas traições. Já nos tempos atuais, viver muitos amores ou paixões intensas, mas que por muitas vezes são passageiros. A máxima que seja eterno enquanto dure é mais válida do que o amor infinito?

JR: Cada um sabe das próprias escolhas e do que considera melhor pra si, não acho possível ditar como os outros devem viver. Do meu ponto de vista, considero que pra mim o fundamental é respeitar o que sinto, buscar a felicidade, a verdade, e viver relações honestas. Não vejo sentido em viver uma relação infeliz para manter uma estabilidade, o que não significa tornar as relações descartáveis.

Julia e o amor pelo cinema vem de família

5. Você é uma ótima contadora de histórias e vem de uma família do audiovisual. Como foi para você crescer nesse meio e quais são as maiores lições e aprendizados que você aprendeu com eles?

JR: Cresci numa família de cinema e hoje eu e meus irmãos vivemos o cinema e trabalhamos muitas vezes juntos, o que é uma alegria e um prazer enormes. Poder trocar criativamente com eles e meus pais é um privilégio. Desde a adolescência percebi que queria dirigir e tive a oportunidade de observar de perto meu pai e seu processo criativo, sua forma de dirigir os atores, de construir narrativas. Aprendi muito com ele e dizem que temos uma forma semelhante de estar no set.

Crescer numa família de cinema me ensinou tantas coisas que é até difícil enumerar. Minha mãe, como produtora, sempre lutando pelo cinema nacional, fazendo política do audiovisual, levantando projetos enormes e ao mesmo tempo levando a vida familiar com presença e constância. Eles me inspiram e me fortalecem e juntos trocamos bastante sobre os nossos projetos.

Pergunta nerd: poderia deixar uma mensagem para os seguidores do Nerd Tatuado convidando a assistir o filme e indicar um filme, uma série e um livro?

Karen Araki

Nerd baixinha sem tatoo, apaixonada e entusiasta da cultura pop, ama tanto cinema como livros, série e tv.