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Crítica | Rodeo (2022)

Assistir “Rodeo” é trilhar um caminho que muitos filmes já o fizeram antes, encontrar um aspecto particular de uma sociedade, uma sub cultura e lançar luz e drama sobre ela. A narrativa do filme de estreia da diretora Lola Quivoron tem ares de documentário, embora seja uma ficção.

O filme é inspirado nos rodeios urbanos dos subúrbios franceses, uma espécie de subcultura jovem predominante em comunidades de baixa renda em que motociclistas tomam conta das ruas, correm e puxam acrobacias arriscadas. Temos isso por aqui também e, quase sempre trata-se de uma subcultura marginalizada. O mesmo aconteceu com o rap e a cultura do grafite nos EUA, com o samba e o funk por aqui. Sem julgamentos aqui. Antes disso, ver o filme é abrir os olhos para um mundo novo, como o cinema deve ser

Motos que desafiam a gravidade

A trama acompanha uma jovem descontente e sem-teto, Julia (Julie Ledru), enquanto se reúne com os pilotos de motocross franceses e se junta a um grupo criminoso liderado remotamente pelo encarcerado Domino (Sébastien Schroeder).

As tomadas com as motocicletas são de uma beleza incrível. Com uma fotografia extremamente bonita e bem cuidada, consegue encantar e empolgar. Ajuda também que Ledru componha muito bem sua personagem. Sendo a única mulher a se desafiar no grupo, ela luta pela sua liberdade roubando. Em uma cena do filme, ela chega à casa de uma pessoa rica do interior, que está vendendo uma motocicleta usada, e sob o pretexto de fazer um teste, acelera e sai correndo em direção à rodovia, celebrando sua própria emancipação.

A atuação áspera de Ledru dá a Julia uma arrogância despreocupada que sempre parece estar escondendo alguma doçura. Não por menos, com o lançamento deste filme muitos críticos a compararam a uma jovem Michelle Rodriguez.

Nos momentos finais, o filme se torna então uma sequencia de tomadas de ação, e daí ficamos um tanto perdidos. Não se torna disfuncional, mas ainda assim destoa. Não chega a tornar a experiência ruim, mas cria o sentimento que de repente o filme se tornou outra coisa.

No fim, uma ótima experiência e uma ampliação de visão de mundo. Excelente pedida.