Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seya: O começo – Começando com o pé esquerdo
As adaptações cinematográficas de animes de sucesso, salvo raríssimas exceções (Samurai X dentre elas) na maioria das vezes revelam-se filmes muito ruins com péssimos efeitos visuais, atuações infantilizadas e o que mais costuma irritar os fãs: Pouca fidelidade à obra original.
O exemplo mais marcante e emblemático dessa estatística é o famigerado Dragon Ball Evolution (2009), um filme tão ruim, mas tão ruim que conseguiu desagradar os fãs, a crítica especializada, o público em geral e qualquer pessoa que tenha tido o desprazer de pagar mais de R$ 1,00 para assisti-lo. Uma verdadeira unanimidade.

Com a ingrata missão de melhorar essa estatística estreou recentemente o filme Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seya: O Começo, a adaptação cinematográfica do icônico Cavaleiros do Zodíaco, o anime que foi uma verdadeira febre entre os jovens da década de 1990 e que tornou-se responsável por abrir as portas desse incrível universo para produções japonesas mais recentes como Naruto, Atack on Titan e My Hero Academy.
No longa acompanhamos a trajetória de Seya (Mackenyu), um jovem que costuma participar de lutas clandestinas por dinheiro enquanto tenta localizar sua irmã desaparecida. Durante sua luta contra Cassios (Nick Stahl) Seya acidentalmente acessa poderes que nunca soube que possuía e a partir desse momento o jovem é recrutado por Alman Kiddo (Sean Bean), descobre que está destinado a se tornar o cavaleiro de Pégasus, o guerreiro protetor da deusa Athena (Madison Iseman).

Obviamente que um filme com duração aproximada de duas horas jamais conseguiria adaptar fielmente um anime com 144 episódios de 30 minutos de duração cada, mas mesmo que o resultado fosse diferente do material original isso não significa que o filme teria que ser necessariamente ruim. Infelizmente o cineasta Tomasz Baginski não parece ter chegado a essa conclusão e por isso ele entrega um filme fraco do ponto de vista estético e incoerente no tocante ao roteiro.
As armaduras, que são a alma de Cavaleiros do Zodíaco, no filme são de gosto bastante duvidoso, para se dizer o mínimo e além de serem opacas e visualmente horríveis, dão a impressão de que atrapalham os movimentos durante a luta.

Além das armaduras com aparência de latão sem polimento a motivação dos personagens é outro ponto no qual o filme derrapa feio, principalmente no caso dos vilões. Guraad (Famke Jenssen) é a personagem mais desorientada do filme o no final, quando parece que finalmente se encontrou, ela muda de opinião. Ikki (Diego Tinoco) tem motivações extremamente superficiais e pouco exploradas no filme e Cassios (Nick Stahl), embora seja o menos pior dos três, tem a aparência de um cavaleiro de Aço, em comparação ao guerreiro musculoso visto na obra original desde o primeiro episódio.
Mas para não dizer que não falei de flores a personagem Marin é o que há de melhor no filme, juntamente com os efeitos visuais que são muito bem explorados, principalmente nas explosões de cosmo e nas projeções de rajadas de energia. Mas mesmo nesse último ponto o filme erra ao ficar no meio termo, na medida em que reproduz os golpes dos personagens, mas parece ter receio de pronunciar os nomes pelos quais são conhecidos como Meteóro de Pégasus e o Ave Fênix.

Ao final da projeção fica claro que o filme não consegue ser bem sucedido como uma homenagem à obra original, nem tampouco destaca-se como uma produção que trilha seu próprio caminho, já que as opões errôneas de Baginski fizeram com que o filme ficasse situado no meio do caminho, não alcançando nem um extremo nem outro.
Cavaleiros do Zodíaco – Saint Seya: O começo é uma produção sem alma, uma perda de tempo como filme que talvez sirva ao propósito de arrecadar a quantia necessária para bancar uma continuação, mas acima de tudo isso é um grande desrespeito ao legado da obra de Massami Kurumada e a todas as gerações de fãs do anime.