Homem-Aranha: Através do Aranhaverso – Um Oásis criativo nos filmes de heróis
A animação Homem-Aranha no Aranhaverso foi lançada no ano de 2018 e arrebatou os corações de fãs e da crítica ao apresentar o jovem Miles Morales ao grande público em um filme com um estilo de animação tão inovadora que permitiu que o longa fosse agraciado com o Óscar de animação no ano seguinte. Por todas essas razões as expectativas para a sequência “Através do Aranhaverso” eram altíssimas, mas certamente foram superadas pelo espetáculo cinematográfico vislumbrado nas telas do cinema.

O filme inicia acompanhando a trajetória de Spider Gwen em seu próprio universo, após os eventos de sua aventura no primeiro filme ao lado de Miles, o único amigo que fez após a morte de Peter Parker em sua realidade. Enquanto encontra-se em apuros para vencer uma versão animada do vilão Abutre, Gwen recebe a ajuda de Jéssica Drew, a Mulher-Aranha e também de Miguel O’Hara, o Homem-Aranha 2099, duas versões do cabeça de teia integrantes de um grupo de elite formado apenas por heróis com poderes aracnídeos, o qual Gwen Stacy passa a integrar a partir desse primeiro encontro.
Depois de apresentada essa aliança aranha o filme passa a acompanhar a rotina de Miles como Homem-Aranha no Brooklin onde enfrenta o vilão mancha, que possui poderes de criar pequenos buracos negros que lhe permitem se teletransportar e atacar seus adversários por diversos ângulos diferentes em uma batalha. Apesar de possuir poderes incríveis o vilão é tão inexperiente que atrapalha-se ao utilizar seus próprios poderes e muitas vezes cai nas próprias armadilhas criadas para vencer Miles, que considera o responsável pelo acidente que lhe deu seus poderes.

Mesmo sendo um vilão tão pé-de chinelo o Mancha, com seu poder de atravessar dimensões, aos poucos torna-se um problema maior à medida em que passa a dominar suas habilidades e ameaça a estabilidade do multiverso, despertando a atenção da elite aracnídea liderada por Miguel O’Hara e Jéssica Drew, que destaca Gwen para ir ao universo de Miles combater a nova ameaça e durante esse processo Miles acaba sendo levado ao centro de controle aracnídeo onde conhece centenas de variantes do Homem-Aranha e reencontra também velhos conhecidos.
Um dos principais acertos do filme, assim como no filme de 2018, é o seu visual impressionante e a capacidade de adaptar em um mesmo contexto variantes do amigão da vizinhança apresentadas em formatos totalmente distintos como animes, lego, noir, 2D, 3D, e ainda assim tornar tudo extremamente orgânico na composição final.

Ainda que visualmente o filme seja incrível esse é apenas um dentre os inúmeros acertos da produção, que conta também com um roteiro muito bem amarrado, que permite a cada uma das principais variantes do Homem-Aranha ter seu momento de destaque e relevância na trama. Cada peça apresentada nesse grande tabuleiro que é Através do Aranhaverso tem uma função determinada, nada é aleatório ou simplesmente jogado na tela para prestar algum tipo de fã-service e o resultado é uma combinação de ousadia, criatividade e entretenimento como há muito não se via em um filme.
O formato do filme também é uma novidade para o público dos filmes de heróis já que o filme termina no clímax da história, deixando o terreno preparado para a conclusão da história na continuação que chegará aos cinemas no ano de 2024, além do fato não haver nenhuma cena especial após o seu encerramento, que aqui nem fazem falta já que o longa é tão rico em seu conteúdo que as suas duas horas de exibição passam tão rápido quanto uma cena pós-créditos.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso é mais que um filme, é um triunfo cinematográfico, um oásis criativo em meio a um gênero que vinha dando mostras de esgotamento com base nos últimos filmes de Marvel e DC e que aqui ganha novo fôlego, abrindo caminho para a exploração de novas fronteiras, vastas possibilidades, indo onde nenhum outro filme de heróis jamais esteve.