Críticas

Crítica | Um tira da pesada 4: Axel Foley

Não é fácil reviver franquias de filmes que marcaram época nos anos 80 ou 90. Pode até parecer um caminho tranquilo e muitos tentam, mas poucos conseguem.

Felizmente, “Um Tira da Pesada 4: Axel Foley” é uma dessas exceções. Este filme não só respeita a trilogia original, mas também a continua de maneira autêntica, sem recorrer a reinvenções arbitrárias ou adaptações atenuadas. Com um Eddie Murphy nostálgico e uma trilha sonora igualmente evocativa, o filme se destaca como uma verdadeira homenagem aos seus predecessores.

A história começa quando a filha de Axel Foley, uma advogada de defesa, é ameaçada de morte caso não desista de um caso. Isso leva Foley de volta às ruas de Beverly Hills, agora dominadas por influenciadores digitais, para desvendar uma conspiração. O roteiro de Will Beall (Bad Boys: Até o Fim) mantém Foley confrontando uma equipe de policiais corruptos, diferenciando-se das tramas dos filmes anteriores, onde enfrentou traficantes de drogas, armas e falsificadores. A introdução do filme, que homenageia os momentos iniciais do original Um Tira da Pesada, reintroduz Axel Foley ao público de maneira brilhante, começando o filme com o pé direito.

Performance de Eddie Murphy

Eddie Murphy está totalmente à vontade como Axel Foley pela primeira vez desde 1994, retomamando perfeitamente o papel que fez dele um ícone. Continuamos aqui com um detetive sagaz e um engenheiro social magistral, capaz de inventar novas identidades de forma instantânea e hilária. Sua atitude é temperada pela idade, mas ele ainda resolve crimes com astúcia, mostrando-se um pouco mais sábio e cansado do que nos filmes anteriores.

Outros personagens da trilogia original reaparecem de maneira lógica e bem dosada. Paul Reiser retorna como Jeffrey Friedman, agora superior de Foley, e traz uma reintrodução perfeita ao personagem. Billy Rosewood, interpretado por Judge Reinhold, tem um papel menor, mas Reinhold consegue reviver o sensível fã de Sylvester Stallone que todos lembram. John Ashton também está de volta como John Taggart, agora não aposentado, apesar de sua falta de cooperação parecer um pouco fora de sincronia com a amizade de longa data com Foley. Bronson Pinchot retorna brevemente, mas triunfantemente, como Serge, um dos destaques do filme.

Entre os novos personagens, destacam-se o detetive Bobby Abbott, interpretado por Joseph Gordon-Levitt, e Jane, a filha de Foley, interpretada por Taylour Paige. Gordon-Levitt traz simpatia ao papel de um detetive dedicado que respeita Foley sem se intimidar. Paige apresenta uma performance assertiva, embora sua história de fundo seja superficial, dificultando a empatia com seu desdém pela preocupação do pai.

Estilo e Direção

“Um Tira da Pesada 4: Axel Foley” não reinventa a marca de ação da série, o que é um ponto positivo. As cenas de combate e perseguições de carro são convencionais, mas evitam transformar o filme em algo distante de sua essência. O diretor Mark Molloy, em seu primeiro longa-metragem, acerta em cheio ao manter o filme alinhado com os predecessores dos anos 80 e 90. Diferente dos diretores de “Bad Boys: Até o Fim”, que optaram por sequências de ação estilizadas e experimentais, Molloy aposta na sinceridade das cenas de ação clássicas, com dublês rolando escada abaixo ao som de uma trilha sonora pulsante de sintetizador.

Um dos pontos altos do filme é uma perseguição de helicóptero bem executada, que apesar de sua improbabilidade, é suavizada pela reação dos personagens, aterrorizados com a possibilidade de tudo dar errado. Essa sequência destaca a habilidade de Molloy em equilibrar a ação com a comédia, mantendo o tom autêntico da série.

Dessa forma, o novo filme é uma sequência digna de seus predecessores. Com Eddie Murphy retornando em grande forma, personagens clássicos reaparecendo de maneira lógica e novas adições que enriquecem a trama, o filme entrega ação e nostalgia na medida certa. Mantendo-se fiel à essência dos filmes originais, Axel Foley é uma continuação autêntica que certamente agradará os fãs da série.