Como os games estão levando crianças ao vício e ao endividamento — saiba como evitar!
Por décadas, o modelo dos videogames girava em torno do conceito “pague uma vez, jogue para sempre”. Hoje, com o advento dos ecossistemas free-to-play, os jogadores desfrutam do acesso gratuito enquanto são incentivados a investir em itens extras. Nesse novo cenário, loot boxes (ou caixas de recompensas), apostas por skins e microtransações borram a linha entre entretenimento e jogo de azar. A ESET, empresa líder em detecção proativa de ameaças, alerta que essas práticas podem favorecer comportamentos viciantes, inserindo crianças e adolescentes num universo que se aproxima dos cassinos, muitas vezes sem que percebam os riscos.
“As loot boxes – não muito diferentes dos bilhetes raspadinhas de loteria ou dos ovos de chocolate que contêm brinquedos surpresa – talvez sejam o tipo mais controverso de recompensa dentro dos jogos. Títulos populares como Candy Crush, Fortnite, FIFA, League of Legends e Final Fantasy também têm se apoiado na receita dessas ‘caixas de recompensas’ e outras microtransações para cobrir os custos de desenvolvimento. Estimativas indicam que, até o final de 2025, as loot boxes gerarão mais de 20 bilhões de dólares em receita”, comenta Daniel Barbosa, pesquisador de segurança da ESET no Brasil.
Nas loot boxes, os jogadores investem dinheiro para adquiri-las ou as recebem como recompensa sem saber o que irão encontrar. Como o conteúdo é definido de forma pseudoaleatória, essa prática se assemelha a um jogo de azar. Ao tornar propositalmente escassas as recompensas mais valiosas, a estratégia estimula gastos recorrentes.
“Não é surpresa que essa mistura de suspense, recompensa e reforço intermitente encoraje gastos compulsivos, especialmente entre os jovens. O problema se agrava ainda mais com a acessibilidade dos dispositivos móveis e a falta de controle de verificação de idade em muitas plataformas. Enquanto os sites de apostas e bets estão sujeitos a regulamentações e exigências de licenciamento, o mundo dos videogames costuma não passar pelos memos critérios. Principalmente para os jogadores mais jovens, o risco de gastos compulsivos é especialmente real. As consequências podem ser graves, incluindo o desenvolvimento de comportamentos problemáticos relacionados a jogos de azar e perdas financeiras significativas, muitas vezes sem o conhecimento dos responsáveis”, acrescenta o pesquisador da ESET.
Diversos países vêm adotando medidas legislativas para lidar com as loot boxes e outras microtransações nos jogos. Na Austrália, foi aprovada uma lei que impede que crianças acessem jogos com esse recurso. Nos Estados Unidos, vários estados estão estudando formas de regulamentar as loot boxes e outras microtransações. Já no Reino Unido, a Comissão de Jogos optou por permitir que a própria indústria de games se autorregule, implementando medidas para restringir o acesso dos menores a essas mecânicas. No Japão, um tipo específico de loot box foi proibido, enquanto a Bélgica baniu essa prática em 2018 – embora a eficácia da medida seja discutida –, e, nos Países Baixos, alguns jogos com loot boxes também foram proibidos. A Espanha, por sua vez, está se movimentando para regulamentar essa prática.
Em novembro do ano passado, a Comissão de Direito Digital do Senado do Brasil aprovou um projeto que amplia os mecanismos de proteção online para crianças e adolescentes. A proposta, que seguirá para análise na Câmara dos Deputados – caso não haja recursos para votação no plenário do Senado – ainda depende da aprovação dos parlamentares e da sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se transformar em lei. Entre as inovações, o texto impõe a proibição da venda de loot boxes em jogos eletrônicos e restringe a publicidade direcionada às crianças.
Para os pais e responsáveis, a ESET recomenda conversar com os filhos sobre as mecânicas dos jogos, pois muitas vezes eles não percebem que estão se envolvendo em comportamentos semelhantes a apostas, sem entender a diferença entre ganhar recompensas virtuais e gastar dinheiro real para adquirir itens aleatórios. Além disso, é aconselhável monitorar os jogos para verificar a presença de loot boxes ou outras microtransações, utilizar os recursos das próprias plataformas para estabelecer limites de gastos e evitar compras acidentais ou excessivas, além de ativar controles parentais que bloqueiem o acesso a determinados games ou compras dentro dos aplicativos.
É importante também acompanhar a atividade online dos filhos, inclusive os influenciadores que eles seguem, e dar um exemplo positivo, reduzindo o próprio tempo de tela e incentivando hobbies offline para equilibrar o tempo gasto no mundo digital.
“Os videogames podem colocar crianças e adolescentes à mercê da ludopatia, uma condição já reconhecida pela OMS, ao exigir a compra de loot boxes para progredir nos jogos. Essa dinâmica, similar aos jogos de azar, pode favorecer hábitos compulsivos e pode levar ao endividamento dos jovens. Como nem sempre os participantes dos jogos se dão conta dos riscos envolvidos, é fundamental que os responsáveis mantenham um diálogo aberto e constante sobre os riscos dessas práticas, orientando e monitorando as atividades visando o uso saudável das tecnologias”, finaliza o pesquisador.
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