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A Disney será comprada pela Apple? Pode ser, mas ainda não

Não é de hoje que a possibilidade da compra da Disney pela Apple é aventada na indústria. E desde sempre, essa possibilidade é tratada como uma piada geral. Pelo grande público, há uma noção de que a Disney é uma verdadeira gigante dos negócios, tão grande que seria de um valor incáculável.

Já entre os executivos de Hollywood, a justificativa seria que a Apple não teria motivos para comprar um estúdio, e a justiça americana não permitiria que um grande negócio como esse acontecesse. Bem, nem tão ao céu nem tanto a terra.

Valores e negócios

Estimativas de valores de mercado indicam que a Apple possui 2.8 trilhões de doláres em capital especulativo, e cerca de 160 bilhões para investimento em, por exemplo, aquisição de outras empresas. Com 15 vezes menos valor de mercado que a gigante da teconologia nos mercados, estima-se que a Disney poderia ser negociado por um valor aproximado a 62 milhões em uma negociaçaõ direta.

Os valores parecem ser promissores, mas isso não é suficiente para dizermos que algo está acontecendo. O que acontece é que temos outros sinais. Ao Hollywood Reporter, um observador do mercado disse que: “Não acho que [a Apple] compraria a empresa como ela existe atualmente”, disse ele. “Mas se você vir Bob começar a se desfazer de coisas… parece que ele está se preparando para uma venda. E claramente não há comprador como a Apple.”

Há algumas semanas, Bob Iger concedeu uma entrevista à CNBC na qual ele disse que as redes de TV lineares da Disney , como ABC e FX, “podem não ser essenciais” para os negócios da empresa, movimento que foi identificado como a preparação para uma grande aquisição, como se a Disney estivesse se desfazendo de setores que poderiam prejudicar a venda.

Existe uma conexão de longa data entre a Disney e a Apple, algo que podemos chamar de “relacionamento especial”. Entre 2006 e seu falecimento em 2011, Steve Jobs desempenhou um papel ativo no conselho de diretores da Disney. Curiosamente, Bob Iger entrou para o conselho da Apple pouco após o falecimento de Jobs. No dia 10 de setembro de 2019, exatamente quando a Apple anunciava oficialmente sua incursão no mercado de conteúdo por meio do serviço Apple TV +, Iger renunciou ao cargo. Essa coincidência de datas é notável e sinaliza uma interseção única entre as duas empresas.

Mas seria um monopólio?

É difícil dizer qual será o futuro legal das plataformas de streaming e estúdios, mas a princípio não haveriam impecilhos na compra uma compania de entretenimento por outra de tecnologia. Algo pareceido aconteceu quando a Amazon comprou a MGM, por exemplo. O mesmo observador disse ao Hollywood Reporter: “ [No futuro] Haverá três ou quatro plataformas e todas as outras serão esvaziadas e adquiridas”, diz um veterano do setor. “Haverá Apple, Amazon, Netflix e um outro. Se você pudesse juntar NBCUniversal, Warners e Paramount, provavelmente teria o suficiente para sobreviver.”

Com este cenário em vista, os órgão reguladores podem ou não apertar o cerco contra os monopólios, mas é dificil dizer se isso já aconteceria no momento. A ideia de que a Disney possa ser vendida está não sai da cabeça de alguns analistas de Wall Street. Laura Martin, analista da Needham & Co., afirmou por algum tempo que a Disney poderia ser comprada pela Apple. Ela prevê que a Disney “será comprada durante os próximos três anos”, observando que os prêmios de aquisição para empresas de mídia geralmente estão na faixa de 30 a 40%. “Se eles não venderem, a Disney estará competindo com essas empresas [de tecnologia] em um setor com economia em deterioração (porque eles nunca precisam ganhar dinheiro com conteúdo), acreditamos”, escreveu Martin em 14 de julho.

Em uma nota de pesquisa em junho, Martin disse que a Disney poderia dar à Apple o catalisador necessário para impulsionar a adoção de seu futuro fone de ouvido de realidade aumentada Vision Pro. “O fato de o CEO da Disney, Bob Iger, estar no palco divulgando os óculos Vision Pro da Apple demonstra o ajuste estratégico atraente entre o conteúdo da Disney e a tecnologia vestível da Apple”, escreveu ela.