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A Escola do Bem e do Mal

Livro de estreia do estadunidense Soman Chainani que entrou rapidamente para a lista de mais vendidos do New York Times já em 2013, quando foi lançado. A escola do bem e do mal é uma fantasia juvenil que entrou na onda de releituras de contos de fadas dos anos 2010.

“Sophie vinha esperando a vida inteira para ser raptada.”

É a linha de abertura da série. A trama começa no povoado de Galvadon, de onde duas crianças são abduzidas pelo “diretor da escola” a cada 4 anos e levadas para a escola na floresta. Algumas delas reaparecem, anos depois em figuras dos livros de contos de fadas. Outras nunca mais foram vistas. Então enquanto pais e filhos se enchem de pânico na noite do sequestro, Sophie espera ansiosamente para ser levada, viver seu conto de fadas ao lado de um belo príncipe e encontrar seu “felizes para sempre”.

 

Na Floresta Primitiva

Há duas torres erguidas

Na Escola do Bem e do Mal

Uma para pureza

Uma para malícia

Quem nelas ingressar

Não tem como escapar

Se um conto de fadas não vivenciar

 

Chainami passa todo o livro brincando com clichês. De um lado temos Sophie, a menina linda, fútil e maldosa. Do outro, Agatha, a garota bondosa e racional de aparência gótica. O perfeito estereótipo dos filmes adolescentes. E apesar de basicamente opostas, as duas são melhores amigas por motivos pouco convencionais.

Agatha é a esquisita do vilarejo. Filha da curandeira, mora ao lado do cemitério, sem amigos e está sempre de preto. Sophie vê em Agatha o projeto de caridade perfeito. Que maneira melhor de provar sua benevolência do que sendo amiga da rejeitada? Entretanto, afeto real acaba surgindo entre as duas.

Não é difícil prever o que acontece aqui: Sophie é levada para a escola do mal e Agatha vai parar na escola do bem. Mas é exatamente neste ponto em que o autor começa com suas alfinetadas a todo tipo de padrão.

O enredo segue contando os esforços de Agatha tentando descobrir uma maneira de escapar com Sophie da escola (e ela tem ótimos motivos para isso) enquanto tudo que Sophie quer é conquistar o príncipe e provar que o diretor cometeu um engano: ela não é má e não merece estar naquele lado da escola.

Gosto muito de como as personagens se desenvolvem neste livro. O autor consegue colocar várias camadas de profundidade mesmo na superficial Sophie, que realmente acredita ser boa e quer ser uma pessoa melhor. A amizade entre as protagonistas é o ponto forte da narrativa em que as duas garotas lutam para desconstruir convenções sociais a cada página. E tudo isso vem com comentários pincelados de ironia, as vezes tão sutis que podem passar despercebidos aos leitores menos atentos.

Achei a leitura leve e prazerosa, além de divertida. Recomendo a todos que gostam do gênero fantasia. Ah, e tem filme da Netflix vindo por aí! Estou na torcida por uma adaptação a altura.

Título: A Escola do Bem e do Mal – Vol. 1
Ano de lançamento: 2013
Autor: Soman Chainani
Editora : Gutenberg
Capa comum : 352 páginas