A mula – A redenção de um homem que se recusa a envelhecer.
Alguns filmes contam histórias tão inusitadas e absurdas que chega a ser difícil imaginar que a trajetória que acompanhamos nas telas foi baseada numa história real. Um filme que se enquadra perfeitamente nesse conceito é o drama “A Mula”, dirigido e protagonizado pelo veterano Clint EastWood.
No longa o nonagenário Earl (EastWood) que depois de abrir mão da convivência familiar para vivenciar experiências que serviram ao único propósito de inflar o próprio ego diante da comunidade local, encontra-se sozinho sem grana e há 12 longos anos sem falar com a própria filha, depois de ter deixado de lado o casamento para participar de um concurso de flores.
Aparentemente sem nada a perder, Earl aceita a oferta para um novo emprego no qual suas habilidades como um motorista cuidadoso seriam necessárias para o transporte de mercadorias cujo conteúdo ele desconhece e com isso a vida financeira do idoso tem um considerável upgrade.
Embora Earl, num primeiro momento faça questão de cumprir as ordens recebidas por seus superiores e não violar os pacotes transportados, não é muito difícil somar dois mais dois e compreender que toda a grana recebida em seu novo emprego é proveniente do tráfico de drogas, mas sem se importar muito com isso o protagonista segue com suas viagens e procura tirar o melhor proveito do dinheiro que passa a chover em pacotes alocados no porta-luvas de seu carro ao final de cada entrega.
Enquanto Earl aproveita seu novo status financeiro para recuperar o tempo perdido ao lado da família, uma investigação começa a tomar forma e investigar o esquema de transporte de drogas local, com a utilização de “mulas”, como são conhecidos os responsáveis pelo transporte da droga.
A força-tarefa policial, encabeçada pelo agente Colin Bates (Bradley Cooper), aos poucos fecha o cerco em torno dos traficantes para desmantelar o esquema de mulas do tráfico, enquanto Earl vê seu lucrativo esquema sofrer mudanças significativas com a troca no comando da “empresa”.
A trajetória errante de Earl é contada num ritmo adequado a um filme protagonizado por um idoso e EastWood, como sempre, dá conta do recado, como se ao invés de ser baseado em uma história real o filme tivesse sido escrito para o próprio ator, tamanha a conexão existente entre o personagem e o astro veterano.
Como de costume nos filme dirigidos por Clint EastWodd, uma boa virada na história além de uma considerável carga emocional acompanham o expectador até a conclusão da trama que soa coerente e encerra com maestria a história, incrivelmente baseada em fatos reais, da mula nonagenária do cartel de Sinaloa. Um filme comovente, sobre a redenção de um homem que, assim como o cineasta que o interpreta, se recusa a envelhecer e a ser limitado pelo tempo.