A pequena sereia – Clássico reformulado para as novas gerações
A adaptação cinematográfica da história da sereia mais famosa dos estúdios Disney foi cercado de polêmicas ainda em sua fase de pré-produção, muito por conta da onde de ataques racistas que a produção vinha recebendo por escalar a atriz e cantora Halle Bailey para dar vida à Ariel. Uma bobagem tão grande que somente poderia fazer sentido nas mentes doentias de supremacistas brancos ou de pessoas que vivem para destilar seu ódio sobre tudo aquilo que não aceitam ou compreendem.
Superados esses e outros percalços A pequena Sereia estreou essa semana nos cinemas brasileiros trazendo a visão do cineasta Rob Marshall sobre a clássica animação de 1989 da casa do Mickey.
O longa foca na trajetória da sereia Ariel e toda a sua curiosidade sobre os homens e o mundo da superfície enquanto explora o mundo submarino no qual a protagonista vive com seu pai, o Rei Tritão (Javier Barden), suas irmãs sereias e, como não poderia faltar em um filme da Disney, seus pequenos amigos falantes: o rabugento crustáceo Sebastião (Daveed Diggs), o inseparável peixinho Linguado (Jacob Tremblay) além do pássaro Sabidão (Awkwafina), de longe o personagem mais divertido do filme.
Nesse ponto, vale destacar que o primeiro ponto negativo reside na péssima adaptação de Linguado, uma peixinho colorido e engraçado na obra original, e que no filme é reduzido a um animal esquálido, pálido, sem vida e que contribui muito pouco para o desenrolar da história.
O bom ritmo da trama permite que a história da protagonista seja contada com um bom desenvolvimento, sem ficar enchendo muito a linguiça, e permitindo que o público curta a trajetória da sereia idealista, entre um musical e outro. Nesse ponto também revelou-se acertada a escalação de Halle Bailey como Ariel, permitindo que toda a sua extensão vocal fosse emprestada para embalar o drama da personagem.
Os musicais são bastante caprichados e além do solo de Ariel logo no início do filme, destacam-se também a canção do Sebastião, o momento mais colorido e alegre de todo o filme, além da divertidíssima “Beije a moça”, entoada pelos mascotes enquanto Ariel e o príncipe Eric (Jonah Hauer-King) tentam realizar um romântico passeio no lago. Esse passeio, aliás, rende as melhores risadas do filme.
A vilã Ursula, embora tenha pouquíssimo espaço na trama, é muito bem retratada por Melissa McCaarthy e ajuda a movimentar a trama com suas maquinações elaboradas para conseguir o domínio dos mares, através da manipulação de uma das filhas do Rei Tritão. O visual da vilã demonstra o bom trabalho de CGI realizado pela Disney na produção do filme, que embora seja muito bom, não é perfeito, já que muitas cenas no fundo do mar são tão escurecidas que impedem o público de identificar os personagens, como no clímax do filme em que são mostrados bons efeitos visuais, mas a cena está tão escura no filme que até mesmo o rosto da vilã é difícil de ser identificado.
Problema similar foi visto também nas locações submarinas do filme Pantera Negra: Wakanda Forever, em que os cenários de Talokan eram muito mal iluminados e por essa razão, não puderam gerar o impacto visual causado pelas locações de Wakanda como visto no primeiro filme. A grande verdade é que depois de todo o esplendor visual proporcionado por Avatar: O caminho da água, qualquer produção que retrate cenários aquáticos, por mais apurada que seja, fica devendo muito.
Mas os deslizes técnicos da produção não impedem a audiência de curtir a experiência proporcionada por Ariel e companhia nesse filme que consegue condensar a magia dos estúdios Disney numa produção que possui muito mais acertos do que erros. Não trata-se de um grande filme, nem de uma experiência cinematográfica colossal, mas é um filme que diverte e alegra o coração de crianças de todas as idades.