Cidade Perdida – Ótimo elenco num filme sem-vergonha
Por vezes atores e atrizes consagrados em Hollywood, principalmente depois de conseguirem enfeitar a estante de casa com a cobiçada estatueta dourada do Óscar, passam a impressão de que como já conquistaram todo o prestígio ,e dinheiro, almejados podem se dar ao luxo de embarcar em produções cinematográficas de qualidade duvidosa, com roteiros pouco inspirados e interpretando personagens tão rasos que nem de longe permitem que o artista explore todo o seu potencial.
A premiada atriz Sandra Bullock é mais uma personalidade a dar sua contribuição para tal estatística ao estrelar o famigerado longa Cidade Perdida da Netflix, ao lado de Channing Tatum (o abobalhado par romântico Alan/Dash) e Brad Pitt (fazendo uma ponta como o quase ninja Jack Trainer).

No longa somos apresentados à reclusa e talentosa escritora Loretta Sage (Bullock), autora mundialmente conhecida por seus romances de aventura, cujo livro tem a capa enfeitada pelo modelo Alan (Tatum), que também empresta seu carisma ao personagem Dash, o mocinho dos romances de aventura.
Durante a turnê de divulgação de seu mais novo livro a autora é raptada pelos capangas do excêntrico bilionário Abigail Fairfax (Daniel Radcliffe), que pretende fazer com que a romancista o leve a um tesouro escondido na cidade perdida, descrita em seu último livro.

A premissa simples do longa, aliada ao elenco de primeira do filme, nas mãos de um diretor habilidoso, poderia ser o suficiente para sustentar uma boa história de ação, romance e aventura, mas parece ser um desafio grande demais a ser enfrentado pelos irmãos cineastas Aaron e Adam Nee, que transformam a história em um emaranhado de clichês, piadas (muito) sem graça que fazem com que as quase duas horas de duração do filme sejam bastante tediosas.
O romance forçado entre a escritora e seu modelo de capa não ajudam a história a engrenar, muito pela contribuição do personagem de Tatum que encarna aquele tipo grandalhão com muito músculo e pouco cérebro que tenta a todo tempo mostrar à sua musa o seu valor, utilizando como artifícios sua musculatura avantajada e um vasto repertório de piadinhas sem nenhuma inspiração.

Mas se a interação entre o casal protagonista não ajuda muito o vilão vivido por Daniel Radcliffe é de longe a melhor parte do filme e possivelmente a única parte realmente divertida nessa história. O carisma que o eterno Harry Potter empresta ao seu vilão é quase magnético, tornando o filme mais leve e menos previsível, além de ser a comprovação de que um bom ator realmente consegue brilhar mesmo em meio à mais tosca produção cinematográfica.
Com uma história totalmente esquecível, e que atrai o público unicamente pelo peso do elenco consagrado o filme Cidade Perdida termina da mesma maneira que começou: sem graça, previsível e muito chato. Um filme que não faz jus ao seu elenco estelar, mas que acima de tudo, não encontra-se à altura dos assinantes da Netflix. Uma grande perda de tempo.