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Clássico restaurado “Onda Nova” estreia nos cinemas em 27 de março

Após passar por festivais importantes, como o Festival de Locarno e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Onda Nova (1983), dirigido por Ícaro Martins e José Antonio Garcia, será relançado no circuito comercial brasileiro no dia 27 de março.

Remasterizado em 4K, o filme chega aos cinemas pela Vitrine Filmes e Tanto Filmes, trazendo ao público uma nova chance de conhecer uma obra que desafiou a censura da ditadura militar e continua atual e provocadora quatro décadas depois.

Uma comédia erótica e política da Boca do Lixo

Produzido na icônica região da Boca do Lixo, polo do cinema marginal brasileiro, Onda Nova faz parte da “trilogia do desejo”, assinada por Martins e Garcia.

O filme acompanha as jogadoras do fictício Gayvotas Futebol Clube, um time de futebol feminino criado no mesmo ano em que o esporte foi regulamentado no Brasil, após 40 anos de proibição.

Ambientado durante a ditadura militar, a história mostra os desafios que as jogadoras enfrentam dentro e fora de campo, lutando contra o preconceito de gênero e sexualidade enquanto se preparam para um confronto simbólico contra a seleção italiana.

Entre as protagonistas estão Carla Camurati e Cristina Mutarelli, além de participações especiais de Regina Casé, Caetano Veloso e Osmar Santos. O elenco conta ainda com Casagrande, Wladimir e Pitta, grandes nomes da Democracia Corintiana, reforçando a ligação do filme com o futebol brasileiro.

O impacto da censura e a importância do relançamento

Onda Nova foi duramente atacado pela censura militar, que o classificou como “amoral” e interditou completamente sua exibição comercial após sua estreia na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em 1983.

Muitas vezes associado à pornochanchada por ter sido produzido na Boca do Lixo, o filme, na verdade, subverte o gênero, recusando o moralismo sexista e colocando o desejo como um elemento de afirmação da identidade e da liberdade.

O diretor Ícaro Martins explica:

“Mesmo não tratando diretamente de política, Onda Nova é a própria negação da ditadura. A censura não foi a apenas uma cena ou outra, mas ao filme inteiro.”

Graças a um meticuloso processo de restauração, realizado pela Cinemateca Brasileira e apoiado pela família do falecido cineasta José Antonio Garcia, o filme foi digitalizado em 4K e ganhará um novo cartaz assinado por Helena Garcia, filha do diretor.

Um filme à frente de seu tempo

Onda Nova retorna aos cinemas não apenas como uma obra restaurada, mas como um testemunho da resistência cultural e da ousadia artística de seus realizadores.

O relançamento reafirma a importância do cinema marginal e da Boca do Lixo, trazendo ao público um filme que, apesar da censura, manteve-se vivo na memória dos que o assistiram. Como disse José Antonio Garcia em entrevista nos anos 80:

“Nosso filme é de vanguarda, só será entendido daqui a dez anos.”

Talvez tenha demorado mais do que isso, mas seu impacto finalmente pode ser redescoberto pelo público brasileiro.

Onda Nova estreia nos cinemas em 27 de março, com distribuição da Vitrine Filmes e Tanto Filmes.

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