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Crítica | A Máquina do Tempo (2025)

O cinema de ficção científica tem o dom de revisitar conceitos clássicos e dar a eles uma nova roupagem. A Máquina do Tempo (2025) faz exatamente isso ao apresentar uma história que mistura guerra, viagem no tempo e cultura pop de forma criativa e intrigante. O longa, dirigido por Andrew Legge, reinventa a ideia de manipulação temporal por meio de uma narrativa que equilibra drama, estética documental e reviravoltas surpreendentes.

Uma história que desafia o tempo

A trama acompanha as irmãs Thomasina (Emma Appleton) e Martha (Stefanie Martini), que, em plena Segunda Guerra Mundial, desenvolvem uma tecnologia capaz de captar transmissões de rádio e TV do futuro. Inicialmente, elas usam essa ferramenta como uma janela para a cultura de épocas vindouras, adotando comportamentos e ideias muito à frente de seu tempo — chegando até mesmo a se tornarem punks décadas antes do movimento surgir.

No entanto, a verdadeira força da invenção surge quando percebem que podem utilizá-la para mudar o rumo da guerra, interceptando informações estratégicas e salvando inúmeras vidas. Mas, como em toda boa história de viagem no tempo, alterar o passado tem um custo, e as consequências logo se tornam imprevisíveis.

O impacto visual e a atmosfera única

O primeiro grande acerto do filme está em sua estética. Filmado em preto e branco granulado, com uma proporção de tela mais próxima do quadrado, a obra evoca um tom documental, dando a sensação de que estamos assistindo a uma filmagem perdida da época. A forma como o longa mistura suas cenas com imagens reais de noticiários dos anos 40 é impressionante, criando um efeito, para o espectador, semelhante ao de Forrest Gump, onde o protagonista interagia com figuras históricas reais.

A direção de Andrew Legge e o trabalho da equipe de efeitos visuais liderada por Christian Lett são primorosos, manipulando filmagens antigas para que se encaixem perfeitamente na narrativa.

Personagens cativantes e atuações marcantes

Outro ponto forte do longa é a dinâmica entre as protagonistas. Stefanie Martini, como Martha, traz uma personalidade vibrante e sedutora, enquanto Emma Appleton, como Thomasina, assume um papel mais introspectivo e enigmático. A química entre as duas é essencial para o impacto emocional do filme, especialmente quando suas decisões começam a gerar consequências irreversíveis.

A trilha sonora, assinada por Neil Hannon (The Divine Comedy), também merece destaque. Algumas faixas originais criadas para o filme, como The Sound of Marching Feet, reforçam o clima de distopia, enquanto You Really Got Me, do The Kinks, é incorporada à trama de maneira esperta e nostálgica.

Apesar de sua originalidade, o filme tem alguns deslizes, especialmente no tom do diálogo. Algumas interações entre os personagens, principalmente em momentos mais íntimos, parecem deslocadas para o contexto dos anos 1940, tornando-se um tanto anacrônicas. Enquanto as protagonistas podem justificar esse comportamento por estarem em contato com informações do futuro, a mesma naturalidade não se aplica a personagens militares, como Sebastian (Rory Fleck Byrne) e Cobcroft (Aaron Monaghan), que ocasionalmente soam modernos demais para o período retratado.

Fora isso, o roteiro evita inteligentemente os tradicionais paradoxos temporais que costumam ser problemáticos nesse tipo de história, entregando um desfecho satisfatório e bem estruturado.

Vale a pena assistir?

Definitivamente. A Máquina do Tempo (2025) é uma obra criativa, visualmente cativante e que aborda o conceito de viagem no tempo de uma forma única e provocativa. A mistura de ficção científica, drama e história real cria um filme instigante, que pode conquistar até mesmo aqueles que não são fãs do gênero.

Se você gosta de narrativas que brincam com a linha do tempo, referências culturais e dilemas morais, essa é uma obra que vale a pena conferir.

 

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