Crítica | Blonde – traumas, sexo, drogas, violência e Marilyn Monroe?!
O filme Blonde do diretor Andrew Dominik com Ana de Armas em uma maravilhosa performance, dá vida a estrela de Hollywood Marilyn Monroe é um filme cinematograficamente impecável porém com uma abordagem narrativa complicada pesada dolorosa e com diversos problemas e que chegou essa semana na Netflix
A pergunta que se faz sobre Blonde é: qual mensagem que o diretor e roteirista Andrew Dominik quis passar sobre ele?!
A de uma Hollywood da era de ouro de cinema implacável e obscura com aqueles que estavam nela mas que compactuava com a dor e sofrimento de suas estrelas para estar no centro dos holofotes mesmo que através de gatilhos e traumas imensuráveis(Marilyn Monroe não foi a única a passar por isso) ou a glamourização e objetificação do sexy simbol com requintes de sadismo,crueldade pelo sofrimento alheio misturados com voyuverismo através de Marilyn Monroe e de Norma Jeane, Marilyn (que sempre foi a carne barata a que todos pretendiam devorar, sem nunca reconhecerem a Norma Jeane presente, mas sombreada)
Livro Blonde
Blonde é baseado no livro de mesmo nome de Joyce Carol Oates, vale ressaltar que tanto o livro de Joyce a qual o filme foi inspirado quanto o filme de Andrew Dominik não tem compromisso com a história de Marilyn Monroe e foi uma adaptação de um romance literário
O filme não pode ser considerados uma cinebiografia da mesma mas um punhado de sublinhados de relatos do que foi a vida de um dos maiores ícones do cinema
Blonde livro de Joyce é bem pesado, dolorido mas ao mesmo tempo trás uma visão detalhista em dois volumes de quem foi Norma Jeane e Marilyn Monroe O livro em si é um romance biográfico mas que tem suas liberdades criativas dado o grande conhecimento de Joyce Carol Oates tem sobre a vida de Marylin
Não é a primeira vez que Dominik adapta um roteiro baseado em livros. Ele já fez isso em O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford e também O Homem da máfia mas é a primeira que ele roteiriza e dirige sobre a história de uma mulher
Direção e roteiro problemáticos
Na minha opinião o maior erro deste filme foi a Netflix ter contratado Andrew Dominik para dirigir e roteirizar o filme pois esta é a versão dele de Marilyn Monroe uma versão bem polêmica problematizada e pesada, o recorte de Dominik é muito sublinhado de um punhado de coisas sobre Marilyn, e que realça os estereótipos a qual ela ficou estigmatizada, ainda que seja visualmente lindo não justifica o filme ter quase 3 horas de ou ter a indicação de 18 anos duração
Até mesmo porque conforme relato de outros críticos e reportagens o diretor parecia estar mais fascinado e interessado na figura da atriz Ana de Armas interprete da Marilyn do que a própria historia de Marilyn (o próprio disse em reportagem que quase desistiu do filme até conhecer Ana)
Cinematograficamente maravilhoso e atuação esplêndida de Ana de Armas
E por mais que o filme tenha direção de fotografia, de arte, cenografia, maquiagem, trilha sonora… a técnica toda em si de forma primorosas sendo visualmente lindíssimos com exemplos como Chase Irvin com a direção de fotografia e que um dos seus trabalhos foi Beyonce Lemonade e costume design de Jennifer Johnson que fez filmes como I Tonya
Com uma atuação de Ana de Armas maravilhosa a entrega dela é incrível e como ela leva o filme nas costas e que poderia sim levá-la a diversas indicações a grandes premiações mas o que estraga foi a forma como a história foi abordada com um sadismo além do necessário que causa um grande incomodo tamanho o sofrimento que a protagonista passa
O filme acredito vá ser indicado para as grandes premiações principalmente na parte técnica mas poderia ter alcançado voos bem mais altos se tivesse tido uma melhor narrativa e Ana de Armas merece sim várias indicações o sentimento é de frustração por que se fosse feito de uma melhor maneira com certeza estaria no roll de um dos melhores filmes baseados em uma figura pública o que não é o caso.
Ainda espero ver um filme, série ou minissérie sobre a Maryln Monroe que seja digno a sua alcunha pois mesmo ela tendo diversos problemas desde a infância a vida adulta até a sua trágica morte ela foi sem dúvida um marco no cinema da era de ouro de Hollywood e sem dúvida alguma ela foi uma pessoa fascinante e interessantíssima que deveria ter sua história melhor retratada