Crítica | Demolidor: Renascido (2025)
Após uma longa espera com pequenos acenos de participações salpicadas em outras produções, finalmente o Demolidor encontrou eu lugar no MCU. E embora essa frase inicial pareça apenas a abertura de uma resenha, a verdade é que ela sintetiza bem “Demolidor: Renascido”.
Se eu quisesse encerrar este texto aqui, poderia dizer que esta série é tudo que vimos na Marvel até hoje, mas com fraturas expostas. Simples assim. Nada demais. Porém, há mais camadas para falar sobre essa produção. Porém, Born Again (título original) não se limita a ser só uma sequência: é uma reconstrução ousada, que não ignora o passado, mas não tem medo de mudar o presente.
Entre o Passado e o Presente
Já faz uma década desde a estreia do “Demolidor” de Charlie Cox na Netflix. A série conquistou rapidamente o público com sua intensidade dramática, personagens marcantes e coreografias de ação ambiciosas. Por isso, causou surpresa e frustração seu cancelamento abrupto em 2018. A situação claro, teve menos a ver com o que acontecia dentro das telas e mais com decições de produção e as direções dos contratos.
A Netflix sai de cena, a Marvel Television é fundada e agora, com “Demolidor: Renascido”, a Disney tenta um delicado ato de equilíbrio ao resgatar o que funcionou e reformular o que for necessário. A nova série passou por mals bocados. Desde a mudança de showrunners, redução de episódios e a reestruturação completa da estrutura de produção. Atendo aos fãs, o roteiro adicionou o retorno de figuras-chave como Karen Page (Deborah Ann Woll) e Foggy Nelson (Elden Henson). O resultado? Um produto híbrido em tom e linguagem: ainda brutal como a versão da Netflix, mas mais introspectivo e conectado ao cânone atual do MCU.
Os os fãs antigos podem notar certa familiaridade excessiva em alguns arcos narrativos, especialmente a dualidade entre Murdock e Fisk, já amplamente explorada. Charlie Cox e Vincent D’Onofrio continuam sendo a alma da série. Uma cena em que os dois dividem um café, trocando ameaças veladas, é um dos pontos altos, ainda no início de toda trama, e dão uma aula de roteiro sobre como construir uma sensível tensão contida. Pena que esses momentos são escassos ao longo da temporada.
Uma série partida ao meio
Apesar disso, a série não é perfeita. Mesmo que a direção criativa de Dario Scardapane e da dupla Benson & Moorhead, faça a série ganhar identidade própria. Tudo que não acompanha o foco principal parece incompleto. Há sim um foco maior na cidade de Nova York e em como a população enxerga o herói e seus antagonistas, mas as discussões públicas sobre o vigilantismo e a política de Fisk como prefeito ficam parecendo um teaser. Além disso, mesmo percebendo que essas discussões acrescentam uma camada social rara no MCU, fica a sensação de um universo de bolso.
Ora, sabemos que os Acordos de Sokóvia foram cancelados, o próprio Matt Murdock disse isso em “She-Hulk”, mas a ausência de menção a eles, ainda mais com a exploração dos vigilantes como inimigos públicos por Fisk é estranho. No entanto, também isso se explica fora das telas. A Marvel está perdida, tentando desesperadamente encontrar as histórias que contarão nos cinemas pelas próximas décadas. Entre tantos tropeços, é difícil manter a coesão entre produções simultaneas. O brilho do universo compartilhado enfraquece.
Para compensar isso, busca-se outros méritos, como o resgate da faceta jurídica de Matt Murdock. Um dos arcos mais fortes envolve o caso de Hector Ayala, o Tigre Branco, interpretado pelo saudoso Kamar de los Reyes. As sequências de tribunal são densas e envolventes, lembrando que o Demolidor também é, antes de tudo, “um advogado muito bom”. E quanto à ação? Bem, continua brutal. A mudança para o Disney+ não suavizou a violência e as coreografias seguem criativas, impactantes e fiéis ao estilo do herói, com destaque para o uso inovador do cassetete. A luta de abertura é um espetáculo à parte, e embora algumas cenas seguintes não alcancem o mesmo nível, o padrão se mantém alto.
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