Cinema

CRÍTICA | Dunkirk

Crítica do filme Dunkirk

Christopher Nolan é certamente um dos cineastas contemporâneos mais bem sucedidos, com uma felicidade ímpar no cinema ele conseguiu alcançar um patamar que muitos lutam a vida toda para conseguir e talvez nunca chegam. Depois de revitalizar o herói Batman no cinema com a mais bem sucedida trilogia, até então, feita, com sucesso de crítica e público, Nolan investiu em projetos próprios e entregou trabalhos memoráveis em A Origem e Interestelar.

Dunkirk é um exemplo de filme que serve bem para demonstrar o poder do cinema em contar uma história através de sons e imagens, que é, diga-se de passagem, a principal característica da sétima arte. Contrariando uma ideia que sempre circula por aí (um suposto didatismo que o Nolan tem nos seus filmes) basicamente a construção da narrativa é quase que totalmente sem diálogos, a utilização cirúrgica de vários elementos de tela em mise-en-scène traduzem por si só o que o diretor quer transmitir.

Nolan demonstra domínio da linguagem cinematográfica, ao conduzir a projeção de forma picotada, abrangendo vários de seus personagens em seus momentos particulares a respeito daquele acontecimento. Vale dizer que essa técnica já tinha sido utilizada por Nolan anteriormente, quem assistiu Amnésia vai perceber semelhanças.

A influência de Hitchcock, mais uma vez, mostra-se presente em um filme do diretor, a trama bebe muito das fontes do mestre do suspense, constrói um clima tenso e com a ajuda da trilha sonora, transmitem a agonia que os personagens estão passando, e isso reflete no espectador, transmitindo uma aura de urgência totalmente verossímil, dispensando em muitas vezes, inclusive, a suspensão de descrença exagerada, que por sinal é outro ponto que apontavam várias críticas sobre o diretor.

Tecnicamente o filme é impecável, com destaque para a edição e mixagem de som, que além de ser capaz de colaborar com a narrativa e proposta do diretor, ainda consegue ser um deleite para aqueles que gostam de música, não vai ser de nenhuma surpresa se nas premiações da academia, Dunkirk for lembrado, afinal o filme é o cinema em sua essência.

Victor Magalhães

Formado em Ciências Contábeis, mas atuando na área financeira, atualmente estuda Direito, viciado em comprar livros (mesmo sabendo que talvez não vá ler rs), cinéfilo, gamer, aspirante a crítico de cinema, apreciador de séries e desenhos, pode ser encontrado facilmente pelos melhores bares da cidade.