Crítica — Paradise: Uma nova vida (2019)
Para muitos espectadores, ver um filme produzido fora dos EUA é como ver um filme “independente”. Bom para os americanos, que reforçam sua hegemonia na indústria. Porém, quando encontramos um filme como “Paradise: Uma nova vida”, mesmo o público mais casual pode expandir seus horizontes. Pelo menos em parte.
Um tanto comédia de tipos, e um tanto pautando-se no absurdo, possui muitos dos elementos simples que fariam qualquer comédia de grande circulação cair no gosto do público.
Na trama, acompanhamos Calogero, um homem que está no programa de proteção a testemunhas depois de ter testemunhado um assassinato da máfia na Sicília. Com uma nova identidade, ele é enviado para Sauris, uma pequena vila aninhada nos Alpes italianos. No entanto, ele logo descobre que o assassino que ele havia relatado começou uma nova vida lá também. Mal-entendidos levarão à amizade – e ainda mais.
O protagonista Vincenzo Nemolato interpreta Calogero com alguma leveza, lembrando um pouco as caras de Jesse Eisenberg em “Zumbilândia”. E de certa forma, essa comparação até não é de todo absurda, uma vez que a própria trama também se pauta na subversão de uma situação tensa em momentos de humor forçado entre um personagem medroso e outro rude.
As comparações, no entanto, param no momento que o drama se apresenta. Há um forte subtexto aqui sobre a presença da máfia e as implicações do contato com o crime. Há também todo uma questão acerca da homossexualidade aqui, inclusive pretedendo desconstruir alguns esteriótipos. Infelizmente, quando essas discussões interessantes aparecem, o filme encolhe. Se por uma tentativa de suberversão, ou por uma falta de visão do que o próprio filme prometia, ao fim ele se torna menos do que poderia ser.
Portanto, aquilo que poderia realmente ser uma ferramenta de expansão de público, fica restrito aos públicos já convertidos.