Crítica — Predador: A Caçada (2022)
Durante anos, os fãs de “Predador” sentiram um gosto amargo na boca com as sequências do filme de 1987. Há aqueles que veem valor em “Predador 2” de 1990 e na sequência de 2010, é verdade. Mas há um consenso sobre desperdício que foram dos filmes da franquia AVP e do terrível “O Predador”, de 2018.
Além disso, recentemente os irmãos Jim e John Thomas, criadores originais do personagem, moveram um processo judicial contra a Disney. O objetivo deles é cancelar a oferta inicial dos direitos do personagem, que eles fizeram para a Fox ao vender o roteiro do filme original, o que quase inviabilizou este novo filme.
Agora podemos dizer que, à parte do que acontece fora das telas, é uma grata surpresa que “Predador: A Caçada” tenha visto a luz do dia.
Eles caçam para viver, ele vive para caçar
Ainda falando com fãs, cabe dizer que verão muitos lugares comuns da franquia aqui. A sensação de ambiência e de reconhecimento é constante. Ainda assim, ora com a ludicidade de uma criança com um brinquedo novo, e ora com a certeza de um profissional, o diretor Dan Trachtenberg (Rua Cloverfield, 10) subverte nossas expectativas.
Na trama, uma habilidosa guerreira Comanche tenta proteger seu povo de um predador alienígena altamente evoluído que caça humanos por esporte. Ela luta contra a natureza, colonizadores perigosos e essa criatura misteriosa para manter sua tribo segura.
Nessa jornada, temos. uma progressão significativa de desafios sendo superados com engenhosidade e altas doses de ação praticamente irretocável, mas que carece de um algo a mais, talvez um tom de alma necessário para poder compor um clássico.
Muitos méritos, poucas falhas
Terminada a sessão para ver o filme, duas coisas ficaram evidentes. Primeiramente, que é uma pena que este filme não tenha saído no cinema. Em seguida, que esta é a melhor sequência de Predador já feita, superando em alguns aspectos até mesmo o filme original.
Em resumo, eis a receita: Reúna um bom diretor capaz de extrair sutilezas de uma fórmula simples e batida, um elenco capaz de carregar as emoções desse enredo, ação em CGI quase sempre convincente e sets arrebatadores.
Trachtenberg aproveita ao máximo todo o ambiente de Alberta em tomadas amplas que nos convidam a procurar a criatura em cada quadro. Isso por quê, de forma muito inteligente, a narrativa do filme não tenta emular o suspense do original, apresentando o predador logo de início e trabalhando, aí sim, a tensão dos passos dele que se encaminham para o confronto com a protagonista.
E o coração desse confronto não funcionaria sem a ótima composição de Naru, (Amber Midthunder), com um arco de desenvolvimento de personagem raro nessa franquia. Some isso a uma ótima composição do vilão, com o ator Dane DiLiegro oferecendo fisicalidade ao monstro ao passo que o filme sempre usa isso para dar escala ao desafio.
Aos fãs, um acalento. Aos apreciadores do cinema, um bom passatempo.