Cinema

Crítica – Sicário: Terra de Ninguém

Crítica do Filme Sicário

O cineasta canadense Denis Villeneuve sempre buscou em seus filmes sair do ponto médio, buscando gerar em seus espectadores uma inquietude que nos leva a pensar em determinado assunto, e desde que concebeu Incêndios (Incendies – 2010) ele vem nessa pegada de explicitar as dualidades de seus personagens, o que pode ser observado também em Os Suspeitos (Prisoners – 2013) e em O Homem Duplicado (Enemy – 2013) características que vem se tornando uma assinatura do diretor.

Depois de se aventurar na adaptação do complexo texto de José Saramago, Villeneuve apresenta no ano de 2015, Sicário: Terra de Ninguém (Sicário) contando com a escrita de Taylor Sheridan responsável pelo roteiro.

Basicamente, Sicário acompanha uma operação da CIA contra um poderoso cartel de drogas que opera na fronteira dos EUA com o México, Kate Macer (Emily Blunt) é uma dedicada agente do FBI que é recrutada pelos responsáveis da operação, Matt Graver (Josh Brolin) e o enigmático Alejandro (Benicio Del Toro), que juntos vão pôr em prática um esquema tático na busca do chefe do cartel e colocar um fim ao poderoso sistema de tráfico em fronteiras.

E logo na abertura, Villeneuve, já expõe do que se trata o tema do filme, na duplicidade de conceitos e origens da palavra que leva o título do longa, e essa mesma questão vai permear todo o desenvolvimento da narrativa e construção de personagens. Aqui a dualidade moral é o ponto chave dos conflitos que cada um possui e o que os leva a tomar atitudes no decorrer da vida.

E nenhum lugar é melhor para trabalhar questões morais do que uma fronteira, localização permeada de uma grande variação étnica e cultural, coloca em cheque o tempo todo as atitudes de uma profissão que por si já é um grande desafio, ser policial em fronteiras é um trabalho não só físico como psicológico em resistir às pressões que permeiam a relação conflituosa: Agente da lei VS Agente fora da lei.

E a câmera de Villeneuve demonstra essas dualidades. Os closes em espelhos e reflexos na água ilustram bem os dilemas internos dos protagonistas, a relação ríspida entre Kate e Alejandro também é uma maneira não didática de mostrar ao espectador que aqui em Sicário o que importa mesmo não são as cenas de ação que venderam o filme nos trailers, e sim uma discussão moral que o diretor quer instigar nas pessoas.

Victor Magalhães

Formado em Ciências Contábeis, mas atuando na área financeira, atualmente estuda Direito, viciado em comprar livros (mesmo sabendo que talvez não vá ler rs), cinéfilo, gamer, aspirante a crítico de cinema, apreciador de séries e desenhos, pode ser encontrado facilmente pelos melhores bares da cidade.