Crítica – Superman & Lois (2021)

20 de agosto de 2021 Rafael Assis

Não podemos falar de “Superman & Lois” sem algumas necessárias comparações. Antes de tudo, o programa surge como uma série derivada de “Supergirl” e (através do multiverso) do Arrowverse, como o próprio “Arrow” e “The Flash“. Mesmo assim, a série opta por deixar de lado o padrão de “vilão da semana” e parece mesmo, a partir daí, viver num mundo só seu.

Depois de 15 episódios, a primeira temporada oferece muito. Na verdade, pode mesmo ser vista de forma independente. Existem muito poucas ligações com as demais séries (geralmente num cameo) e nem mesmo a história dos filhos – consequência de “Crise da Infinitas Terras” – é tratada como tal. Isso não significa que o multiverso não seja importante. Ele é, mas de uma forma diferente. E também mais bem orquestrada.

De novo, vamos para as comparações. Se já num passado distante, “Smallville” cativou por trazer humanidade a um jovem Clark Kent, aqui a geração que cresceu com o antigo seriado é recompensada. Por outro lado, quem se sentia saudoso do já clássico “Lois e Clark“, sente o mesmo, tendo aqui uma evolução natural do conceito.

Mas sejamos bem claros, quando se trata de referẽncias, vemos claramente aqui uma continuidade ao espírito do Superman de Richard Donner. Na verdade, não fosse a superexposição de personagens com um “S” no peito em todas as mídias, poderíamos dizer que esse filme é o renascimento perfeito do Superman nas telas.

Ao se distanciar do padrão “adulto e sombrio” das produções da DC para o cinema, e ao mesmo tempo sem o valor de produção das novas séries da Marvel, “Superman & Lois” pode parecer deslocado. Mas, até aí, o proprio conceito do Superman parece datado. E nem por isso é ruim. Na realidade, o que surge aqui é um teste à resiliência do personagem. A cada episódio, parece que o roteiro está forçando o Superman a todos os seu limites. Ee precisa lidar com os filhos, educando e cuidando deles. Precisa salvar o mundo repetidas vezes e sempre fazer isso mantendo a confiança de todos. Além disso, ele precisa ser cortẽs, gentil e amável todo o tempo. Não se espera menos do homem de aço.

Na trama, quando um empresária inescrupuloso compra o Planeta Diário, Lois (Elisabeth Tulloch) e Clark (Tyler Hoechlin) ficam sem emprego fixo. Decidem então voltar para Smallville, um lugar que guarda muitas lembranças felizes para Clark, embora tenha sido radicalmente transformado pela crise econômica. Some isso ao fato de que um dos filhos agora tem superpoderes e que moradores da cidadezinha do Kansas estão sendo sequestrados e tranformados em seres superpoderosos e temos um desafio para o homem de Aço (que além de tudo isso tem que lidar ainda com um homem em uma armadura tecnológica que quer matá-lo).

Enquanto muitos parecem querer ver o Superman ruir diante das adversidades, o show celebra sua vitória e tal qual como as mídias mais antigas faziam, nos convida a ter esperança, a valorizar a família e acreditar na nossa resiliência. Isso, claro, dentro das mesmas caixinha de padrões de sempre na TV americana.

Veja a série aqui.