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Crítica | The End of the F***ing World

O final dá uma brecha para a segunda temporada!

A nova série britânica de humor negro baseada nos quadrinhos de Charles S. Forman, logo me chamou atenção pelo estilo e humor, apesar de não ser fã de séries adolescentes, essa parecia merecer uma chance. Curiosa também, para conferir outro trabalho do Alex Lawther, que arrasou em Black Mirror.

Um elenco não tão comum para a maioria do público, contudo, definitivamente ofereceram atuações de acordo com seus personagens, trazendo verdade à trama e convencendo da existência daquelas pessoas.

A série, sem rodeios, introduz a nós os dois principais personagens sem romantizá-los. Uma menina problemática e raivosa (Jessica Barden) e um garoto solitário (Alex Lawther) que se acha um psicopata. Eles começam com um romance bem peculiar, Alex apenas planeja matá-la na hora certa e Alyssa queria alguém para preencher sua tediosa vida. A série vai tratar de assuntos bem relevantes que podem acompanhar jovens e adultos, isso foi uma das coisas que gostei. Durante a problemática jornada dos dois, vários assuntos são abordados como o a mãe que é totalmente controlada pelo marido e negligencia sua filha, o pai que se esforça mas não sabe lidar com o filho, suicídio, assédio e muito mais.

TEFW (se me permitem a abreviação) conta com dramas pesados e uma cena de assassinato digna de um filme do Tarantino… Não é uma série só para passar o tempo meus queridos.

Os detalhes nessa série são cruciais, como a troca de figurino da Alyssa e James. No começo suas roupas são parte de quem eles são antes de conhecerem um ao outro. A partir do assassinato de Clive (o escritor estuprador) eles trocam de roupa e a Alyssa muda o cabelo. Bem, isso é sútil, mas pode ter certeza que não foi por a caso. Podemos ler esses personagens de forma diferente agora, que apesar de coloridos, por conta de suas roupas, continuam deslocados e agora muito mais perdidos do que antes. Assim como o fato da mãe não ter fotos da filha na sala, a falta de vaidade da Alyssa dentre tantos outros.

Aliás o assassinato de Clive foi um acontecimento que fez a trama fluir ainda mais, pois fez todo o sentido para o que os personagens estavam vivendo anteriormente. Eles puderam descobrir várias coisas sobre si mesmos e sobre o outro. Foi necessário Alyssa abandonar temporariamente o James (apesar da raiva que ela nos faz por tal atitude rsrs), claro que não é preciso você fugir de casa e matar alguém para se redescobrir e encontrar sentindo na vida, mas na história isso funcionou bem.

Depois desse inesperado acontecimento, Alyssa fica mais sensível e vulnerável, demonstrando, então, que por dentro ela é apenas uma garota que foi abandonada pelo pai e negligenciada pela mãe tentando encontrar significado para sua vida. Mas essa sua personalidade forte tenta apaziguar essa garota interior.

James por fim descobre que ele não é um psicopata (que alívio) e fica bastante perturbado pelo que aconteceu. Do mesmo modo que Alyssa, James reflete mais sobre si e descobre que Alyssa é importante para sua vida e definitivamente ele não quer mais matá-la ou a qualquer um.

Sobre o restante de suas vidas, como as famílias, James e Alyssa estão meio perdidos ainda, mas creio que na segunda temporada (se houver) isso será desenvolvido.

Duas histórias dramáticas que se cruzam, duas pessoas traumatizadas e sem saber como lidar com seus temores e ainda mais, sem ter alguém que lhes compreenda. Foi muito bom o desenvolvimento dos personagens, eles amadureceram. Claro, foi uma mudança sútil, porém, coerente.

Outra sacada da série são as duas policiais, que logo na primeira cena das duas fica subentendido que tiveram uma relação de uma noite de bebedeira. Eunice (Gemma Whelan, Game of Thornes) é a mais compreensiva, e nos dá a esperança de que o casal de adolescentes serão ajudados e não tratados como bandidos e assassinos sem escrúpulos, como é mais ou menos o pensamento da policial Teri (Wunmi Mosaku, Philomena) que é mais rígida.

O rolo das duas caiu bem na trama como contraponto, a Eunice acaba sendo bem cativante. E acabamos que curiosos para saber o final dessas duas.

A trilha sonora maravilhosa não força a barra e auxilia a contar a história nos estágios que lhe são exigidas.

Uma das coisas que não me agradou foi a impetuosidade da Alyssa, chegava a irritar. James é a paciência em pessoa rsrs. O personagem do Alex por vezes deixa a desejar também, ele é muito apático e sem vida. Mas no final isso são detalhes, afinal, tudo isso faz parte da construção dos personagens. Na verdade muitas pessoas nessa série são passivas, até nisso a série ensina algo.

No final das contas a série deixa várias questões para cabeças pensantes como nós avaliarmos, uma boa sensação de ter visto uma boa série.

O final deixa uma brecha para a segunda temporada, que espero que tenha.

Dava para fazer uns três posts detalhando as qualidades dessa série, mas por hoje é só!

E aí, já assistiu The End of the F***ing World? O que achou?