Crítica – Uma noite em Haifa
Amos Gitaï, já consolidou sua posição como um verdadeiro veterano da indústria, sendo reconhecido como uma figura experiente no cenário cinematográfico. Entretanto, é inegável que sua filmografia perdeu a relevância ao longo dos anos. O mais recente lançamento de Gitaï, “Uma noite em Haifa”, chega aos cinemas sendo, notavelmente, um dos pontos mais baixos em uma carreira que se estende por meio século.
Ainda assim, há algo que faz com que seja interessante ver este filme, já que sua aposta de não contar uma história propriamente dita, mas apioar-se em fragmentos para construir sua narrativas captura uma jornada melancólica de lembranças perdidas, uma busca que, sem falar muito da trama, se mostra cada vez mais infrutífera.
Club Fattoush
O Club Fattoush é um local real na cidade portuária israelense de Haifa. Misto de bar e espaço artístico é porto seguro boêmio e liberal para muitas pessoas. É conhecido por promover um encontro entre pessoas de fora dele, dificiulmente estariam reunidas no país ou redondezas: israelenses e palestinos, judeus e árabes, gays e heterossexuais, e assim por diante.
Amos Gitai nasceu em Haifa, e não é supreendente ver como este lugar parece natual aos seus olhos e que ele o use como cenário. Essa familiaridade também parece deixar o diretor mais aberto com suas inteções, de utilizar esta particular locação para descrever as tensões e a frágil convivência entre os diferentes grupos. Como muitos sabem, algumas vezes nosso lugar de conforto é uma armadilha. Neste caso, falta coesão entre os muitos segmentos, que se travessam e mergulham uns nos outros de forma um tanto confusa. Sente-se que a intenção é trazer densidade, realizar a construção de um caso obscuro e , em grande parte, poético. Mas após ver o filme, a sensação que se tem é de um poderoso blasé.
É curioso que, talvez isso possa ser uma potencia do filme, ao mostrar que nosso impeto de indignação com as crueldades do dia a dia se mistaram ao simples ato de seguir vivendo. A própria vida é um Blasé sem fim, mas é dificil pensar que esta tenha sido a intenção do autor. O que parece é mesmo que não foi possível capturar toda esta intenção com uma potência consciente, restante o filme apenas à crítica e não à reflexão nem ao deleite.