Dois Corações – Filme que já nasce um clássico da Sessão da Tarde
O longa incorporado recentemente ao catálogo da Netflix tem como base o comovente drama real vivido pelo jovem Christopher Gregory (vivido por Jacob Elrodi), cuja história foi relatada no livro “All my Tomorrows: A story of tragedy, transplant and hope”, escrito por seu pai, Eric Gregory e que serviu como inspiração para o filme.

O filme acompanha simultaneamente as histórias de Christopher e Jorge (Adan Canto), dois homens que vivem suas histórias em locais e épocas distantes, em momentos diferentes de suas vidas e que embora nunca tenham tido a oportunidade de se conhecer, têm suas vidas interligadas por trágicas circunstâncias do destino.
Jorge tem origem cubana e leva uma vida confortável como o herdeiro de uma família internacionalmente conhecida como uma das maiores produtoras de destilados do mundo: A Baccardi. Durante uma de suas viagens o cubano encanta-se pela comissária de bordo Leslie (Radha Mitchell), a quem passa a surpreender com aparições de surpresa nas mais variadas cidades do mundo, engatando, logo em seguida, um romance com seu interesse amoroso.

Enquanto o romance de Jorge e Leslie ganha contornos mais sérios, o jovem Chris tenta a todo custo fazer com que a veterana Sam Peters (Tiera Skovbye) deixe de vê-lo apenas como um calouro e passe a levar a sério suas intenções, o que não demora muito a acontecer, até mesmo porque o roteiro de Veronica Hool faz questão de dar uma força para a concretização da união do casal,, que não se separa durante boa parte do filme, ainda que estejam em anos e classes diferentes na faculdade. Com muito boa vontade, o fato pode ser devidamente ignorado para o bem da produção.
Com a relação dos casais protagonistas devidamente esclarecida o filme preocupa-se em mostrar, de forma leve mas contínua, a fragilidade da saúde dos protagonistas, como forma de preparar a audiência para a iminência de alguma tragédia.

A maneira como as histórias dos casais desenrola-se de forma extremamente previsível até um pouco além da metade da produção demonstra a habilidade em contar histórias do diretor Lance Hool, que consegue com maestria conduzir o público em uma jornada previsível para logo em seguida puxar-lhe o tapete com um belo plot twist na trama.
O longa consegue abordar com precisão e sem ser didático demais a relevância da doação de órgãos com uma história comovente, leve e consegue tocar o coração da maior parte do público. Em suma trata-se daquele tipo de filme de modestas pretensões no âmbito cinematográfico mas que consegue agradar pela sua simplicidade e pelo carisma dos personagens. Um fortíssimo candidato a ser exaustivamente reprisado na Sessão da Tarde, que embora seja um lugar de pouco prestígio, nem sempre é reservado a filmes ruins.