Flash – Ótimo filme, mas longe de ser perfeito
O filme chega aos cinemas como uma das produções cinematográficas mais aguardadas do ano, primeiramente pelas avaliações generosíssimas da crítica especializada que criaram um hype forte com o grande público, bem como pela possibilidade de as viagens no tempo trabalhadas pelo filme servirem ao propósito de reformular o universo cinematográfico da DC, dando o ponta pé inicial para a nova fase da DC nos cinemas, comandada por James Gunn.
Embora nem todas as expectativas sejam concretizadas o filme realmente se apresenta como uma das melhores produções do universo de Superman e companhia, começando com tudo numa ótima sequência de ação com Flash e Batman (Ben Aflleck) salvando o dia.
Aliás, em uma das primeiras cenas de ação do filme, quando um prédio desmorona e alguns bebês lançados do edifício precisam ser salvos pelo herói, os efeitos visuais do longa já mostram sinais de oscilação, principalmente a cena em câmera lenta permite ao público ver com riqueza de detalhes os rostos digitalizados, com o pior tipo de computação gráfica, das crianças enquanto Flash corre contra o tempo para salvá-las.
É realmente surpreendente que em uma produção com tanta grana injetada e com marketing tão agressivo quanto o realizado nesse filme, que os efeitos visuais tenham tido um tratamento tão desproporcional, e até mesmo amador em alguns pontos.
Apesar dos efeitos de gosto duvidoso as atuações certamente são a grande atração do filme, principalmente porque Ezra Miller está inspiradíssimo interpretando duas versões distintas de Barry Allen, que embora trate-se do mesmo personagem, possuem idades diferentes e o tom dado por Miller em suas interpretações, mais cômica com o Barry jovem e mais centrada e responsável na versão mais velha, é impecável. E isso em um filme em que atua ao lado de Michael Keaton, um monstro da interpretação, que aqui revive seu papel clássico como Batman.
No tocante à atuação, enquanto Miller e Keaton dão um verdadeiro show, a Supergirl de Sasha Calle é mais contida nesse aspecto, e não porque ela seja ruim, mas sim pelo fato de a atriz praticamente ser engolida ao contracenar com colegas de elenco em tão boa forma.
O roteiro do longa também é bem trabalhado, mostrando como as viagens no tempo do protagonista afetam a estabilidade das diversas linhas temporais do multiverso, inclusive com uma explicação extremamente didática envolvendo macarrão proferida por Bruce Wayne de Keaton. Mas mesmo um bom roteiro, muitas vezes, não escapa de alguns deslizes e Flash, nesse ponto, também não consegue fugir a essa regra.
A título de exemplo a Supergirl, que inicia sua participação no longa de forma arrasadora, mostrando toda a extensão do seu poder, seja destruindo mísseis na base do soco ou até mesmo suportando uma saraivada de balas à queima-roupa, em dado momento é vencida por uma simples facada, como se, de uma hora para outra, o roteirista original do filme tivesse sido temporariamente substituído por alguém que desconhecesse completamente as características anatômicas básicas de um kryptoniano exposto à luz solar da Terra.
No final das contas Flash é um filme muito divertido, com boas doses de ação, ótimas atuações e algumas participações especiais bem surpreendentes e que certamente farão a alegria do público durante as suas sessões de exibição. Obviamente, embora tenha muitos acertos, os equívocos da produção afetam consideravelmente a narrativa, sem, contudo, comprometer o entretenimento de uma maneira geral.