Folia vintage: Marchinhas de carnaval icônicas para escutar no toca-discos
Consagrado por muitos como a forma “mais pura” de escutar o som, o vinil foi um grande marco da indústria musical e ressurgiu com força recentemente, em meio à onda nostálgica que busca retomar modas analógicas. Sua utilização quase ritualística dá um ar especial aos álbuns escolhidos, uma forma menos digital e mais intimista de apreciar as melodias.
Com o pré-carnaval em andamento em muitas cidades, mesmo que os dias oficiais de celebração sejam entre 10 e 13 de fevereiro, é a vez de lembrar outro clássico do século passado: as marchinhas de carnaval, dignas de serem escutadas num toca-discos de verdade. Se hoje temos o funk como principal gênero a ser escolhido para ser o “hit” da estação, eram elas que tomavam essa posse há algumas décadas.
Luiz Kencis, CEO da Polyvox, marca especializada em criar áudios de qualidade por meio de fones de ouvido, amplificadores, microfones e outros equipamentos, relembra algumas das marchinhas mais icônicas do carnaval brasileiro, das décadas de 30 a 50.
“É através das músicas que podemos nos transportar para outros tempos, outros contextos. Contar com o estalido do vinil e a qualidade analógica, junto das marchinhas do carnaval brasileiro, são os ingredientes certos para quem quer fazer uma viagem no tempo de proporção sensorial autêntica e relembrar um tempo que já não volta mais”, afirma Kencis.
Dentre as pérolas sonoras mencionadas, destacam-se os seguintes clássicos da época dourada do carnaval:
Saca Rolha, de Zé da Zilda, Zilda do Zé e Waldir Machado
As águas vão rolar
Garrafa cheia eu não quero ver sobrar
Eu passo mão na saca, saca, saca rolha
E bebo até me afogar
Deixa as águas rolar
Lançada há 70 anos, a marchinha hit do verão de 1954 brinca com a palavra homônima ao título, associando o ato de abrir uma garrafa ao clima festivo do carnaval.
Allah-lá-ô, de Haroldo Lobo e Nássara
Allah-la-ô, ô-ô-ô, ô-ô-ô
Mas que calor, ô-ô-ô, ô-ô-ô
Atravessamos o deserto do Saara
O Sol estava quente e queimou a nossa cara
Lançada em 1941, destaca-se pela fusão de ritmos e pela irreverência de sua temática, tornando-se um clássico imortal do carnaval. A composição é um convite à celebração, com sua batida contagiante e letras que capturam a alegria carnavalesca.
Mamãe Eu Quero, de Jararaca e Vicente Paiva
Mamãe eu quero, mamãe eu quero
Mamãe eu quero mamar
Dá chupeta, dá chupeta, dá chupeta pro bebê não chorar
De 1936, esta canção pode ser considerada uma pérola que resiste ao tempo, conhecida pela sua inocência e encanto. Interpretada por diferentes artistas ao longo das décadas, foi eternizada por ninguém mais, ninguém menos do que Carmen Miranda.
Me Dá um Dinheiro Aí, de Ivan Ferreira, Homero Ferreira e Glauco Ferreira
Ei, você aí!
Me dá um dinheiro aí!
Me dá um dinheiro aí!
Lançada em 1959, satiriza os pedidos incessantes por dinheiro durante a folia, apresentando uma abordagem bem-humorada e crítica. Seu álbum vendeu mais de 100 mil cópias no mesmo ano do lançamento e foi o “hit” do carnaval de 1960, cantada por foliões até hoje.
Turma do Funil, de Mirabeuau Pinheiro, Milton de Oliveira e Urgel Castro
Chegou a turma do funil
Todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto
Ai, ai ninguém dorme no ponto
Nós é que bebemos e eles que ficam tontos
De 1956, a canção descreve de maneira alegre as confusões de um grupo animado que se diverte na folia, fazendo referências descontraídas ao consumo de bebidas e à felicidade contagiante do carnaval. Foi, inclusive, gravada até por Tom Jobim, Chico Buarque e Miúcha, em 1980.
“Em um momento onde a tecnologia digital domina, voltar-se para as clássicas marchinhas em vinil é uma homenagem à rica história do carnaval brasileiro. Essas canções, que transcendem décadas, são verdadeiras joias musicais que capturam a essência alegre e descontraída da nossa festa mais popular”, finaliza o executivo.