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Indicados ao Oscar de melhor filme – 2023 Elvis

Elvis Presley foi um dos maiores cantores e compositores da história da música mundial, tendo atuado também em diversos filmes e até hoje é considerado um dos maiores ícones culturais do século XX, com uma carreira cercada de polêmicas que atravessou as décadas de 50, 60 e 70. Com o intuito de apresentar o astro às novas gerações o filme Elvis, do diretor Baz Luhrmann, é a cinebiografia desse artista genial que recebeu 8 indicações ao Óscar (Melhor filme, ator, fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem, montagem e som).

Imagem: Divulgação

O longa acompanha a trajetória de Elvis (grande atuação de Austin Butler) e procura apresentá-lo ao público como o ser humano por trás do ídolo, mostrando como um garoto nascido no Memphis, em meio à comunidade negra, alçou o estrelato, tornando-se um verdadeiro mito norte-americano, sempre acompanhado pelo seu controverso empresário o Coronel Tom Parker, interpretado por Tom Hanks embaixo de muita maquiagem e mal caratismo.

Os clássicos atemporais do astro como “Trouble”, “Vegas” e “Can’t Help Falling in love” embalam o filme e mostram toda a genialidade contida nas composições de Elvis, ao passo que a interpretação visceral de Butler foca na performance magnética e provocativa do astro nos palcos. Nesse ponto, aliás, a caracterização do protagonista e a atuação de Butler são tão formidáveis que quando nos deparamos com algumas cenas reais mostradas no filme temos alguma dificuldade em discernir quem é ator e que é o astro.

O filme do cineasta Luhrmann utiliza como recurso cinematográfico contar a história do ponto de vista do antagonista, fato que em circunstâncias normais poderia servir para humanizar e justificar as atitudes do vilão, o que não acontece no filme pelas boas escolhas do roteiro, além da interpretação magistral de Tom Hanks que leva o público a odiar o empresário, na maior parte do tempo, e em outras vezes compadecer-se dele.

Muito interessante também a maneira orgânica como a história do astro é contada sempre tendo como pano de fundo eventos relevantes da história americana e como esses eventos influenciam a arte de Elvis, a exemplo da morte do pastor Martin Luther King que foi utilizada como inspiração para a canção “If I Can Dream”.

O filme conclui a história com um Elvis de saúde fragilizada, fora de forma e lutando para se manter de pé em seu último show, na Dakota do Sul, mas mesmo longe daquele artista incrível que hipnotizava as multidões com seu vigor a essência do astro manteve-se intacta, forte, o que fica muito claro quando Presley entoa a canção “Unchained Melody” ao final do filme, numa reprodução impressionantemente fidedigna do último show do artista.

Elvis consegue prestar uma digna homenagem ao legado do artista, remontando de forma precisa as origens de um mito, mas sem deixar de lado seus conflitos internos, suas escolhas questionáveis e a influência perniciosa do seu agente, tudo isso como forma de dar cores vivas à história de um astro cujo legado resiste ao tempo e recusa-se a morrer.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.