Mostra de Tiradentes homenageia Bárbara Colen e André Novais + Matheus Nachtergaele fala sobre o Auto da Compadecida 2
A emocionante abertura da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, na noite de sexta-feira, 19 de janeiro, foi marcada pela participação entusiasmada do público e dos convidados. Realizada no Cine Tenda, no coração da cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais, o evento inaugurou o calendário audiovisual brasileiro com a presença de diversas personalidades, incluindo Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual, representando a ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Joelma expressou sua satisfação por participar do evento pelo segundo ano consecutivo como secretária do setor no Ministério da Cultura. Ela elogiou a resiliência da Mostra, que completa quase 30 anos, e compartilhou lembranças de sua experiência como produtora executiva. “Trabalhei no filme ‘Breve Miragem do Sol’ (de Eryk Rocha) e testemunhei o teste de elenco da Bárbara Colen. Fiquei impressionada com a dedicação dela”, comentou Joelma, referindo-se a uma das homenageadas da noite.
Logo após, ocorreu a homenagem ao cineasta André Novais Oliveira e à atriz Bárbara Colen, ambos mineiros celebrados este ano na Mostra por suas trajetórias. Ambos subiram ao palco acompanhados de amigos e familiares para receber o Troféu Barroco. Bárbara expressou sua gratidão: “Receber uma homenagem em Tiradentes, neste palco, ao lado dessas pessoas e deste cara (André)… Nem tenho palavras. Sempre amei o cinema, mas demorei a me reconhecer como a atriz que sou. Esta homenagem reafirma o valor do que faço e o espaço que ocupo, graças ao esforço de tantas mulheres na minha vida”.
Em seguida, André Novais também demonstrou emoção pela homenagem, dedicando a noite aos sócios na produtora Filmes de Plástico. Ele brincou com sua trajetória humilde e orientou um mantra: “Quando eu estudava na Escola Livre de Cinema, tinha um professor que sempre dizia: se você quer fazer filmes brasileiros precisa assistir a filmes brasileiros”. O diretor ainda resgatou sua tragetória como homem negro da periferia e da conquista recebida após todo o trabalho.
André lembrou que 2024 marca duas décadas desde que se envolveu com o cinema, e que a Filmea de Plástico completa 15 anos em abril. Ele mencionou ainda seus dois novos filmes, “Roubar um Plano” (co-dirigido por Lincoln Pericles) e “Quando Aqui”, realizado em janeiro para a abertura da Mostra.
Matheus Nachtergaele fala sobre o Auto da Compadecida 2
No dia seguinte da mostra, em 20 de janeiro, foi a vez de um bate papo com o ator e diretor Matheus Nachtergaele. Com 56 anos e uma vasta carreira com personagens marcantes que vão desde Jonas, de “O que é isso, companheiro?” a João Grilo, de “O auto da Compadecida”, o ator falou sobre sua carreira, métodos de atuação e também sobre seu novo e aguardado projeto.
“Todos os atores tem um palhaço (dentro de si). Porque o palhaço é a auto percepção que você tem do teu patético, dos teus defeitos. Quando você faz aula de palhaçaria, por exemplo, você vai usar os teus defeitos, as tuas infantilidades. Por isso que cada ator só tem um palhaço. E quando o ator encontra um palhaço no mundo da palhaçaria, isso é um mundo. No mundo dos palhaços, quando o ator dá nome ao seu palhaço, encontra o seu palhaço, o gesto dele, a voz dele, aonde que ele é imperfeito? Isso é um gozo. Assim é quase uma consagração. É um batismo. E o João Grilo e o Chicó são para mim e para o Selton, o nosso batismo. Então, 25 anos depois, quando veio o Auto da Compadecida para nós de novo era uma loucura, porque era gente encarando os nossos melhores palhaços de novo e tendo que entender se a gente ainda os merecia, se a gente ainda sabia fazê los. Se eles ainda serviam para o Brasil. E numa cumplicidade lancinante.”
Sobre o filme, o ator ainda ofereceu uma visão sobre uma cena do filme que deve estrear no fim do ano:
“Quem fez a Nossa Senhora foi a Taís (Araújo). Arrasou! O filme é lindo. Visualmente é mais bonito que o primeiro. Tem uma hora que eu estava ajoelhado de João Grilo, de novo diante da Nossa Senhora. Só que agora Nossa Senhora era a Taís. E por causa da luz, do figurino da Emília Duncan, da maquiagem e tudo, e a Taís é uma das mulheres mais lindas que tem. Eu olhei pra cima naquele momento e sabe quando você vê uma coisa muito linda, você fala “Nunca vou esquecer”? Algo que é mais bonito que o pôr do sol, algo que é mais bonito que um que um tigre caçando, algo que seja mais bonito que uma uma sinfonia de Beethoven, sabe? Eu olhei aquilo. Meu Deus, eu nunca vou me esquecer disso naquele segundo. Eu acho que essa é a coisa mais bonita que eu já vi na minha vida. O conjunto da obra. Eu era de novo o João Grilo e Nossa Senhora era preta. Era linda.”
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