Série | O Voo de Diana – Apresentação
Em 5 partes, conheça o primeiro tratado na internet feito por uma colecionadora sobre a história da controversa habilidade de voo da super-heroína mais popular da pop art, a Mulher-Maravilha!
A Princesa Amazona de Themyscira, dentro e fora dos quadrinhos, vem tendo um período dos deuses. Em junho passado, tivemos seu aguardado longa-metragem pela Warner Bros. Pictures, com Gal Gadot no papel; a Princesa Amazona tem um título próprio de revista mensal em quadrinhos da atual fase DC Renascimento; as bancas de revistas estão povoadas de relançamentos de suas HQs, como a fase encadernada dos Novos 52 “Sangue”, “Direito de Nascença”, “Força”, e “Guerra”, por Brian Azzarello e Cliff Chiang; arcos memoráveis da coleção de graphic novels DC da Eaglemoss, como “O Círculo”, da autora Gail Simone com o casal Rachel e Terry Dodson, “Paraíso Perdido”, de Phil Jimenez e George Pérez, “Petrificada”, por Greg Rucka e Drew Johnson, “Trindade”, por Matt Wagner, além dos recentes lançamentos da Panini “Terra Um, vol. 1”, por Grant Morrison com Yanick Paquette, “Deuses & Mortais” (4 volumes) pelo selo “Lendas do Universo DC”, de George Pérez, e em Portugal, pela LEVOIR, “Mulher-Maravilha – Um Por Todos”; e os livros “História Secreta da Mulher-Maravilha”, “A Psicologia da Mulher-Maravilha”, “Mulher-Maravilha – Amazona, Heroína, Ícone”, “Mulher-Maravilha, Sementes da Guerra”, “O Mundo da Mulher-Maravilha”. Além dos produtos de massa, em dezembro último a personagem foi arrastada para uma polêmica que vem ainda gerando evidência na imprensa, a perda do seu título como embaixadora honorária da ONU. Sites, blogs e canais no Youtube atualizam opiniões de fãs e das atrizes Gal Gadot, Lynda Carter, sobre o assunto. Imagens de gravação em set ou notícias sobre a atriz Gal Gadot são agora o centro dos holofotes. Como se vê e sente, a hora agora, a vez e a voz, são da Mulher-Maravilha, a primeira super-heroína criada para a 9ª arte.
Por isso, o site Nerd Tatuado não podia ficar de fora dos bons presságios da Ilha Paraíso. Pegando carona na onda do momento, para auxiliar na popularização da personagem às novas gerações, aos fãs leigos ou leitores veteranos, decidi empreitar algo inusitado – tornar público um tratado sobre a capacidade de voo da amazona grega feito por uma extinta colega colecionadora da heroína 5 anos atrás no Google+; é o tratado “O Voo de Diana”, de Virna Maria Ockhein.
✩ Quem foi Virna Maria Ockhein?
Virna foi uma plusser gaúcha da então recém inaugurada Comunidade g+Quadrinhos, do site Judão, quando o g+ era ainda uma rede social anônima, com dois anos de fundada. A moça parecia já ser membro da comunidade e foi ela quem me incluiu naquele espaço em janeiro de 2013. Ela se tornou uma das melhores amigas virtuais da minha companheira, pela afinidade com a super-heroína, para logo revelar-se uma exímia colecionadora da personagem, com um acervo que remetia ao tempo da editora EBAL, a comics importados, a edições da Sensation Comics dos anos 1940, artigos temáticos, moda nerd e um senso crítico sobre a criação de William Moulton Marston raramente visto em uma mulher jovem. Com esse gabarito, belezas de rosto/corpo aliadas à gentileza, Virna passou a ser, junto com outro grande amigo dcnauta, o enciclopédico Gilson Domingos, a membro mais querida e popular da comunidade. Chegou a ser banida da Quadrinhos por ter postado ilustrações sensuais do gênero quadrinístico do terror, comovendo os membros a se mobilizarem num levante do movimento de protesto “#voltaVirna”, o qual chamou a atenção da equipe Judão que a reintegrou à comunidade; foi a primeira pessoa a divulgar itens, acessórios e preços quadrinísticos dos sites na rede do Google; chegou a ser chamada de “a namoradinha” do Gilson Domingos (lhe rendendo alguns problemas); a primeira garota a fazer homenagens aos amigos dedicando ilustrações dos personagens queridos por eles; foi a única garota nerd que analisava criticamente os lançamentos da Panini DC na época, e fazia cobertura de eventos geeks, como a Comic-Con San Diego e a Wondercon; muitos anos antes de eu me aventurar na crítica quadrinística, Virna foi a primeira pessoa na comunidade Quadrinhos a elaborar um tratado analítico de um super-herói, com um domínio do assunto arrebatador.
Na época seu tratado circulou pelo g+ de várias formas e por várias pessoas, ocasião em que pude arquivá-lo, fato que tornou possível revelá-lo aqui. Embora fosse muito simpática, possuísse um sex appeal acentuado (que lhe permitia ter muitos seguidores, admiradores, pretendentes e assediosos) e participasse de conferências de hangouts de texto, Virna Maria nunca apareceu em vídeo, meses depois, Virna foi descoberta como uma pessoa fake, que usava imagens de loiras, modelos gaúchas desconhecidas na web; depois disso ela sumiu do g+ até a total exclusão do seu perfil. Virna Maria Ockhein encerrou sua atuação na rede como sendo um mistério intrigante, além de ilustrar um decepcionante exemplo de dissolução das amizades a distância, desapontando, sobretudo, os mais achegados amigos, como Gilson Domingos, Viviane Moreira, Luciano Capistrano Gomes, Pablina Milane, Érika Carvalho e eu. Foi com ela que aprendi a não me apegar a amizades virtuais. Ainda hoje pairam no stream posts dedicados a ela por várias pessoas, todavia, o mais importante foi ter tirado lições, lições de vida, lições sobre a Mulher-Maravilha, e o tratado de que se ocupará este site daqui para frente.
✩ O que foi o tratado “O Voo de Diana” ?
O texto em questão tem o nome de “O Voo de Diana – Minha Resposta sobre o Dom de Voo da Princesa Amazona na Revisitação de sua Mitologia nas Histórias em Quadrinhos”, com 30 páginas. Não é fake, nem é plágio, não está em lugar nenhum na internet ou em livrarias. Parece ter tido início num debate na comunidade sobre o voo da guerreira. Foi o extinto amigo Gilson Domingos o autor do post: “A personagem dos quadrinhos voava antes da sua telessérie? Nela, a Mulher-Maravilha só pula grandes alturas e só era capaz de voar através do avião invisível, ou o poder de voar já veio com a criação da personagem?”. Com um mês de discussões, tudo indica que o tratado foi elaborado naquele meio tempo, um compêndio de toda a mitologia da personagem, escrito em PDF, da criação da Mulher-Maravilha em 1941 até sua rebotagem nos Novos 52. Com uma espantosa organização textual, precedendo a muitos autores daqui (inclusive eu), o tratado traz sumário, dedicatórias, epígrafe, imagens de quadrículas quadrinísticas, legenda, citação nominal das pessoas a quem ele se dirige, ilustrações, folha-resumo, bibliografia própria do acervo – um verdadeiro TCC gibigráfico, com pretensões intelectuais, embora com um linguajar despojado, coloquial.
O tratado tinha destinatários específicos (citados nominalmente no corpo do texto): a Comunidade g+Quadrinhos, Gilson Domingos, Vinícius Moizinho, Iona Akiye Shimizu, Pablina Milane, Jitap Pereira, Wagner Williams, todos seguidores de seu perfil g+. Sua estrutura aparenta ensejar uma publicação em livro, tem claras e elevadas intenções didáticas, muito semelhantes a nossa neste site, aliás, as mesmas queixas, inquietações, desconfortos, tristeza para com as editoras e com a crítica dita “especializada”, como neste trecho: “Espero ter colaborado com a nossa cultura pop no Brasil ao discorrer sobre as questões em torno da Mulher-Maravilha. […] Longe de me gabar, como leitora da Wonder, tenho ciência de que pouco esforço e pouca atenção a esse assunto foram dados por editoras, revistas, fanzines, sites, almanaques – e por aí vai; por isso a nossa desinformação, se comparados aos norteamericanos. Partilho, com total gratuidade, desse meu conhecimento acumulado e ineditamente publicado em nossas redes sociais como um presente aos amantes da 9ª arte que tanto se esforçam em promovê-la e em popularizá-la como arte de verdade” (p.27). É ou não é, no fundo, o nosso mesmo lema e a nossa mesma finalidade no Nerd Tatuado?
✩ Como será publicado aqui esse tratado?
Passados 5 anos, o texto é agora oportuno, dado o momento de evidência da Mulher-Maravilha na mídia, e apesar de ele limitar-se sobre a questão da capacidade de seu voo, para prolongar e fixar a imagem da super-heroína neste espaço, dividirei em 5 partes por capítulo, obedecendo à ordem original do sumário, numa média de uma página por capítulo, o que é bem curto. No caso de necessidade, posso ir além. Ilustrarei a reprodução do texto com as mesmas imagens contidas no tratado, bem como acrescentarei outras, como algumas fotos usadas pela Virna como sendo ela mesma, se for o caso. Quando todo o tratado for encerrado, porei o link do g+ do trabalho integral postado em 2013 por um dos membros da comunidade.
Enquanto vou reproduzindo-o, pediria aos amigos colaboradores, seguidores ou quem vier comentar os próximos passos da série “O Voo de Diana” que contassem sua experiência com a personagem ou uma foto de alguma HQ dela nos comentários. Esse será o meu tributo à figura fantasmagórica da Virna Maria Ockhein, que, apesar dos pesares, deixou um legado útil, e à personagem Diana Prince. Espero então com isso agregar aqui colaboração, interação e prazer nerd num tempo de apoteose da cultura pop. Deixo, como prévia, um guia básico de leitura da Mulher-Maravilha para os iniciados, como também fui anos atrás antes de conhecer a fake mais querida e requisitada em Wonder Woman. A grande Hera nos ajude nessa jornada!
Continua na próxima edição (introdução).