Triangulo da Tristeza – Crítica
Triângulo da Tristeza
(Sátira ácida perfeita para modernidade atual)
Sinopse: Um cruzeiro para os super-ricos afunda, deixando os sobreviventes, incluindo um casal de celebridades, presos em uma ilha.
Temos aqui a grande surpresa do Oscar e que pode virar a grande zebra da premiação. Com 3 indicações ao Oscar incluindo melhor filme e melhor roteiro Triangulo da Tristeza lançado pela Diamond Films, vem em meio a tantos ´´filmes de academia“ para nos fazer descontrair um pouco enquanto entendemos que nosso barco está realmente afundando.
Sem muitas apresentações e com um inicio bem despreocupado o primeiro ato nos trás aquele que serão os protagonistas do filme Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean) um casal de modelos influencers de classe alta. O filme trás mesmo com cenas sutis e simples, piadas ácidas e um humor corajoso que pode não funcionar com todos, mas que é reconhecidamente situações que podem ocorrer por mais sem noções que sejam.
Temos referências a todos os tipos de coisas que vem acontecendo e poderiam acontecer, bebendo até de referencias de filmes mais antigos, como por exemplo em seu plot twist. Já dentro do Yate, temos uma tripulação um quão tanto formidável, com atores brilhantes que entendem de modo fácil como beber esse roteiro, e parecem se divertir com o rumo que aquilo toma, fazendo com que seus personagens fiquem sempre sem noção e não percam suas essências arrogantes e poses de seres superiores.
A participação mais interessante com certeza é a de Wood Harrelson (Thomaz, o Capitão) que mesmo com pouquíssimos minutos em cena, mostra o grande ator que é não importa o gênero, papel ou cenário que se encontre. Cada um dos ´´grandes aventureiros“ representa um tipo na sociedade, por mais que boa parte ali seja de classe média alta, você sente ainda, posicionamentos e falas direcionados a todas as classes sociais.
Gostoso de se ver a montagem de tudo, como as situações ruins dentro da história, se tornam comédia facilmente pela personalidade dos nossos personagens, e pelo como eles parecem viver em um mundo distinto de todos; há uma cena especifica dentro do Yate que é de aplaudir a montagem completa de toda aquela estrutura entre os atores e o diretor Ruben Östlund que também escreve o roteiro do filme.
O único problema daquela cena é que ela acaba, pois em meio a uma catástrofe gastronômica, Wood e Zlatko Buric (Dimitry) protagonizam o melhor diálogo do filme, cheio de ironia, acidez, críticas e brincadeiras, como se fossem dois amigos de anos sentados em uma mesa de bar conversando.
A partir disso, começa uma aventura no terceiro ato mais longa e amassada que em determinado momento fica muito longa e isso acaba descendo um pouco do nível de toda a comédia e cenário antes construídos, ainda sim, Ruben se propões a mostrar e manter uma visão para cada um de seus personagens, aqueles que não podem fazer nada para mudar sua essência, aqueles que tem tomar decisões para fazerem o que fazem, e aqueles que sabem mudar, querem mas já é tarde demais ou o próprio ego e arrogância não permitiram, como exemplo de Carl.
No meio deste fechamento é interessante se observar com a devida atenção o personagem de Dolly De Leon (Abigail) o quão ela toma o terceiro ato todo para si até por não ter sido desenvolvida antes o que é uma pena, ela junto de Carl e Yaya talvez sejam os que tinham as maiores lições a passar, principalmente após a ´´reviravolta“ final tão quanto previsível mais que ainda sim, se torna uma piada conveniente para o que foi o filme.
Não vá esperando um filme triste ou qualquer coisa que envolva sofrimento, relaxe, pois Triangulo da Tristeza nada mais é que uma comédia satirizando a nós mesmo, satirizando todas as gerações, toda a modernidade, e todo aquele conservadorismo que ainda existe, uma grata surpresa na lista do Oscar.