Críticas

Crítica- Pacificador (2021)

Olhando o projeto por cima, seria difícil dizer que “Pacificador” funcionaria como série. No meio da contubarda cronologia do DCU, o “Esquadrão Suicida” de James Gunn foi ao mesmo tempo um sucesso de crítica e um divisor da fanbase. E se não bastasse isso, o diretor decidiu trazer um dos vilões mais desprezíveis de seu filme e pedir que nos importássemos com ele.

Ainda assim, podemos dizer que mesmo pisando em terreno escorregadio, Gunn conseguiu trazer empatia ao personagem, aliando humor e auto crítica na medida para divertir.

Pacificador

Borboletas, atire na cabeça

Na trama, que começa logo depois de “Esquadrão Suicida“, acompanhamos o personagem de John Cena saindo do hospital, depois de se recuperar dos eventos do filme. De novo coagido a trabalhar com o esquadrão de operações secretas de Amanda Waller, agora ele fez parceria com os agentes que operaram nos bastidores durante o Esquadrão Suicida e foi designado para ser o músculo do Projeto Butterfly, uma missão sobre a qual ele sabe pouco a príncipio.

Pode parecer um repeteco barato, mas temos novamente aliens invertebrados que controlam a mente de humanos. Apesar disso, a trama funciona por ser uma linha geral pra que a história mostre o que quer mostrar de verdade. A redenção de um personagem canalha.

Enquanto isso os outros temas, onde podemos ver paralelos bastante óbvios com o momento político dos EUA, são pouco trabalhados. Cabe fazer o comentário feliz de que muitos críticos de Gunn – um notório crítico da administração Trump – disseram na época de lançamento d’O Esquadrão” que era um filme anti-americano.

Aqui, Gunn continua apontando o tom conspiracionista da politica de seu país, colcoando entre um dos vilões um supermacista branco que segue os ditames da estrema direita americana. Ao mesmo tempo, há quem encontre paralelos no discurso final do vilão borboleta como uma pauta progressista, esteriotipada como adversária.

De Gunn para Gunn

Isso acontece por que Gunn não está preocupado em discutir com profundidade a política e a ética do cuidado com as mudanças climáticas, da aplicação compulsória de vacinas e da liberdade de a própria humanidade se destruir. A narrativa é muito mais intimista e simples, contando uma história sobre o poder redentor da amizade e sobre como é difícil mudar, principalmente quando isso significa cortar laços com pais tóxicos ou perdoar a si mesmo por traumas passados.

Vale dizer que o caminho que levou Gunn até o DCU foi justamente um cancelamento, promovido originalmente por grupos de direita que resgataram uma série de tuítes antigos e deploráveis do diretor, que com isso foi demitido da Marvel Studios.

Dadas as proporções, autor e personagem se confundem em uma jornada de desconstrução, bastante aos moldes liberais e, seguindo o exemplo de The Boys, da Amazon, equilibra seus temas pesados ​​com porções de violência exagerada e humor juvenil.

Nada a reclamar.

Assista na HBO Max

Pacificador (Peacemaker)
EUA – 2021
DIreção: James Gunn

ELenco: John Cena, Freddie Stroma, Jennifer Holland, Robert Patrick, Danielle Brooks