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Pantera Negra 2: Wakanda Forever – Crítica e primeiras impressões, sem spoilers

A continuação do grande sucesso Pantera Negra (2018) passou por um grande baque com a trágica morte de Chadwick Boseman em 2020 que além de ser um dos atores mais competentes e carismáticos do universo cinematográfico da Marvel (MCU), também dava vida ao protagonista T’Challa. Com isso, coube ao cineasta Ryan Coogler a árdua tarefa de reescrever seu roteiro e refilmar boa parte do filme que passaria a ser uma grande homenagem ao legado do falecido ator, tudo isso em meio a todas as dificuldades adicionais trazidas pela pandemia do novo coronavírus.

Com todas essas variantes em jogo Pantera Negra 2: Wakanda pra sempre teve sua estreia mundial em 10 de novembro e logo nos primeiros minutos de projeção percebe-se que a trama tem como principal objetivo homenagear o legado de Boseman.

Imagem: Divulgação

Um fato pouco comum e bastante curioso no filme é que o luto vivido pelos personagens pela morte do soberano de Wakanda também é compartilhado nitidamente pelos atores, devido à ausência do colega, assim como pelo público, que ainda traz vívida a dolorosa lembrança da morte precoce de um ator tão carismático e querido por todos. Dessa forma, a experiência de enfrentamento da finitude da vida transmitida pelo filme torna-se uma atividade imersiva na medida em que personagens, atores e público conseguem partilhar do mesmo sentimento.

O filme em si demora a engrenar em sua trama principal, mesmo após a aparição de Namor, vivido pelo ator mexicano Tenoch Huerta, já que o filme tem a preocupação de não apenas introduzir o anti-herói, como também apresentar o reino submarino de Talokan.

Imagem: Divulgação

Falando em reino submarino é difícil assistir a Pantera Negra 2 sem traçar comparações à Atlântida, reino submerso governado por Aquaman, e nesse quesito o mundo aquático no longa de Ryan Coogler perde feio se comparado ao universo criado por James Wan para o herói da DC comics, já que no filme da Marvel os cenários de Talokan são simples, pouco inspirados, e estabelecem um grande contraste com as belezas naturais de Wakanda.

Além do príncipe submarino o filme introduz também a novata Riri Willians (Dominique Thorne), como a jovem prodígio que assumirá o manto da heroína Coração de Ferro e terá a difícil missão de substituir Tony Stark, membro fundador dos Vingadores, vivido de forma definitiva pelo ator Robert Downey Jr. Em um filme no qual o luto é um elemento dominante em cada cena, a aparição da jovem Willians traz um vigor e uma leveza necessários para evitar que o filme torne-se monótono e previsível.

Imagem: Divulgação

Enquanto Wakanda encontra-se sem o seu protetor a rainha Ramonda, vivida pela ótima Angela Bassett, tem a missão de mostrar-se forte conduzindo um reino mergulhado na dor da perda e ainda servir como bússola moral para sua filha Shuri (Letitia Wrigth). Outro ponto alto no longa é a capacidade de mostrar como cada personagem lida a seu modo com a perda de T’Challa com sentimentos que vão da dor e revolta passando pelo arrependimento, embora muitas vezes estejam disfarçados pela indiferença.

Na parte da ação o longa não decepciona e consegue mostrar toda a extensão dos poderes de Namor, com bons efeitos visuais e sequências de lutas caprichadas, principalmente nas cenas em que a Dora Millaje Okoye (Danai Gurira) entra em ação com sua poderosa lança retrátil.

Imagem: Divulgação

Apesar das boas cenas de ação, as motivações superficiais encontradas pelo roteiro para as ações de Namor impedem o correto aproveitamento de um bom personagem, que certamente dará as caras futuramente em outras produções do MCU e poderá mostrar do que realmente é capaz (espero que sim). Novamente no campo das comparações, a arrazadora participação de Kilmonger (Michael B. Jordan) no primeiro filme elevou as esperanças do grande público para o surgimento de um grande vilão também na continuação Wakanda pra sempre, mas essa expectativa não foram atingidas.

Na conclusão do filme, que conta com uma cena pós-créditos, fica clara que a ausência de Chadwick Boseman não pode ser suprida, apesar dos evidentes esforços do elenco e das belas homenagens prestadas ao ator no decorrer de todo a projeção.

Para além disso, percebe-se claramente que todas as adversidades enfrentadas pela produção para a implementação do filme poderiam ser superadas por um grande diretor e roteirista. Para Ryan Coogler, entretanto, o desafio parece ter sido grande demais.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.

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