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Eco – A Marvel escavando o fundo do poço

A expressão popular cavar o fundo do poço é bastante utilizada para referir-se a uma situação tão ruim que atingiu o seu ápice, que chegou ao fim da linha, ou ainda, parafraseando o ex-deputado Tiririca “pior do que tá não fica”. O MCU inaugurado magistralmente por Homem de Ferro em 2008 iniciou um período de hegemonia das produções de super-heróis nas salas de cinema ao redor do mundo.

Mas com o passar dos anos, principalmente após o fim da saga do infinito com Vingadores Ultimato, o universo dos Super-Heróis vem demonstrando sinais de cansaço com filmes e séries cada vez menos interessantes e de péssima qualidade como She-Hulk, que na humilde opinião deste redator foi a série que demonstrou que a Marvel havia atingido o fundo do poço.

Imagem: Divulgação

Mas a primeira série lançada pela Marvel em 2024 sob o selo Marvel Spotligth, uma marca que representa as produções mais terrenas e com menos ênfase nas inúmeras conexões criadas pelo universo principal, parece ter conseguido cavar e ultrapassar as camadas do fundo do poço, aproximando-se a passos largos da camada pré-sal das produções medíocres e sem uma gota de apelo ao público.

É bem verdade que a série introduziu aspectos relevantes e inclusivos ao universo dos heróis sendo a primeira produção que obrigou a Marvel a adaptar a forma de comunicação através do uso irrestrito da linguagem de sinais, já que tanto a protagonista Maya quanto sua intérprete a atriz Alaqua Cox são surdas, mas um dos maiores problemas da série é que ela não consegue contar uma história minimamente interessante e que faça sentido para o público.

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A protagonista perdida, em busca do seu caminho e em conflito com a família é um argumento utilizado há muitos anos nas produções dos mais variados gêneros e com êxito considerável. O problema é que em Eco, a impressão que se tem é que não somente a protagonista, mas toda a produção parece estar perdida. Falta à heroína um propósito claro, um objetivo real a ser perseguido e que justifique suas ações, mas a série termina sem mostrar realmente a que veio.

Uma clara demonstração do quanto a série é capenga é o simples fato de as melhores cenas de Eco envolverem participações especiais de personagens de produções já consolidadas como Demolidor, que faz uma ponta no primeiro episódio em uma ótima cena de luta, além da presença intimidadora do Rei do Crime, vivido por Vincent D’Onofrio.

Imagem: Divulgação

Em algumas produções o expectador acaba relevando a trama meia boca para ser brindado com um final épico, representando uma luz no fim do túnel, e que faça com que o público tenha sua persistência recompensada, mas em Eco o final da trama consegue se superar com um desfecho sem graça, sem pé nem cabeça e totalmente anticlimático.

A série que já não prometia muito entregou menos ainda, mostrando que de onde menos se espera é daí que realmente não nada mesmo. Quando se pensou que o fundo do poço havia chegado, a Marvel conseguiu demonstrar que quando se trata de séries de super-heróis, o buraco pode ser muito mais embaixo.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.