Alerta de Spoilers – What If…? 1×04
Este texto contém spoilers. Repetindo, SPOILERS
Caso você não tenha lido o título
Aos que semana a semana estão acompanhando a nova série animada da Marvel, “What If…? 1×04” chegou trazendo um alento com uma trama interessante e que realmente dá os primeiros passos para demonstar a que veio o multiverso da franquia.
Primeiramente, desde que “What If…?” estreou, com um bom episódio da Capitã Carter, as expectativas se consolidaram. Mesmo que o segundo episódio tenha sido divertido, o terceiro deixou um pouco a desejar. Uma série antológica, lançada de uma vez só não sofreria com isso, uma vez que os bons episódios compensariam os ruins. É assim, normalmente, com “Black Mirror“, “Creepyshow” e, para ficar nas animações, “Love, Death + Robots“.
Por outro lado, a estratégia de lançamento semanal da Disney possui esse ônus. Sem um fio condutor narrativo que una as história, cada uma funciona como um one shot. Deu errado? Gastou a bala. Dito isso, vamos ao tiro que acertou o alvo.
Tudo muito Estranho
“What If…? 1×04” abre com a tradicional narração do Vigia. O texto, sempre bem escrito, retoma uma das coisas mais esquecidas da franquia da Marvel. O romance entre Stephen Strange e Christine, interpretada no cinema por Rachel McAdams.
“Nesse universo, o Doutor Estranho não perdeu as mãos, mas sim seu coração”, é uma frase impactante que mostra o ponto de virada dessa realidade. Mais uma vez, é um simples ponto que muda tudo. Agora que Christine está morta, Stephen roda o mundo para descobrir uma forma de trazê-la de volta a vida e com isso se torna o Mago Supremo. Depois de derrotar um demônio interdimensional, o herói passa os dias contemplando a jóia do tempo, pensando em salvar a amada.
Eventualmente, o irresponsável Strange faz sua investida ao passado para mudar a história, encontrando Christine e tentando salvá-la do seu triste destino. Todas as vezes que volta no tempo, porém, o desfecho é o mesmo. Do mesmo modo que a história começou, ela termina. Como se fosse o destino de sua amada morrer.
Assim como a narrativa funciona e o ritmo caminha bem até aqui no episódio, a partir desse ponto ele mergulha forte em suas premissas.
A anciã aparece e explica que Stephen não pode mudar aquele momento no tempo. Ele se tornou o mago supremo em razão da morte de Christine. E só tem o Olho de Agamoto por conta disso. Portanto, ele não pode usar sua magia para mudar este ponto do passado. Um paradoxo.
Coragem, Marvel! Coragem!
Quase sempre, a Marvel é bastante comedida em suas investidas. Testam as águas muito bem antes de apresentar algo novo. Raramente oferece grandes choques ao público, seja do cinema ou agora, no streaming.
Em outras palavras, os fãs precisam entender que ela caminha muito antes de correr. Mas, sejamos honestos, em alguns momentos ela dá pequenos saltos. É o caso aqui. A partir desse ponto na história temos uma boa expansão do Worldbuilding da nova fase. Juntamente com Strange, conhecemos em primeira mão a biblioteca de Cagliostro, fonte de conhecimento dos magos deste universo. Eventualmente, nela Strange encontra a uma forma de mudar a tragédia em sua vida e salvar Christine. Mas, para isso, ele precisa de poder. E para isso deve absorver criaturas mágicas de outras dimensões.
A coragem da Marvel surge, duas vezes em uma curta cena. De maneira identica à forma que surgiu no primeiro episódio, a criatura de tentáculos (que eu agora tenho certeza não ser Shuma Gorath) faz o link entre os dois episódios. Da mesma forma, assim que o Dr. Estranho, cada vez mais consumido pelo poder que absorve, passa a sentir a presença do Vigia.
Ok, admito que aqui eu me arrepiei. É uma ótima forma de estabelecer como o Vigia é bad ass. O Dr. Estranho não podia vê-lo ou sentí-lo até que ficar ultra power poderoso? Legal.
O fim de tudo
Como resultado das ações de enlouquecido Stephen Strange, o mundo começa a ruir. Mas o episódio ainda nos preparou um plot twist. Tal qual no cinema, aqui a anciã já tinha um plano de contenção para tudo. Ainda no começo do episódio, quando seu espirito tenta convencer Strange a não mudar o passado, ela usou um feitiço para dividir o héroi em dois. Enquanto passamos o episódio inteiro acompanhando a contraparte maligna, agora voltaremos ao herói que conhecemos, que está alheio a tudo e que, segundo a anciã, é o único que pode salvar o mundo.
Dessa forma, vamos à batalha final. Inspirada e cheia de ação, não deixa nada a dever aos melhores momentos do MCU. Definitivamente nos envolvemos com as emoções dos dois Strange ali. Um que sucumbiu à necessidade de controlar tudo, e outro que entendeu que as necessidades do mundo estão acima dos seus desejos mesquinhos.
E, claro, o vilão vence. Agora, absorvendo sua contraparte bondosa ele está pronto. Enfim pode alterar o tempo, romper um paradoxo e trazer sua amada de volta. Isso, ao custo de toda a sua realidade. Quando o percebe, é tarde demais e a Marvel novamente nos faz uma promessa. No leito de morte de um universo inteiro, enquanto usa seus poderes ao máximo para criar uma barreira entre a destruição e a segurança dele e de Christine, Strange implora que o Vigia o salve.
Acima de tudo, esse primeiro diálogo (onde o Vigia reafirma que não pode interferir, mesmo desejando fazê-lo) é uma amostra que atiça os fãs que aguardam interações como nos quadrinhos e certamente coloca interrogações nos novos espectadores.
Quem é o Vigia? Qual o seu nível de poder? Por que ele será importante? Todas são promessas. Resta saber se serão pagas.