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Besouro Azul – Sempre mais do mesmo

Há pouco mais de uma década as salas de cinema ao redor do mundo têm sido invadidas por produções cinematográficas de heróis das editoras Marvel e DC, numa espécie de competição entre as duas gigantes das HQs, e que até o momento vem sendo vencida com folga pela Marvel, que tentam a todo custo cativar um novo público, e arrecadar muita grana no processo, com suas histórias e personagens mais clássicos.

E é justamente por essa grande oferta de filmes baseados em quadrinhos que têm dominado o universo cinematográfico nos últimos anos que novas produções necessitam de boas doses de criatividade para fugirem do lugar comum e não apenas repetirem histórias conhecidas com um personagem novo.

Imagem: Divulgação

Essa incapacidade de fugir do óbvio e de criar um universo com personalidade própria é que são os grandes problemas de Besouro Azul que apresenta ao público uma história extremamente genérica, sem nenhum tipo de ousadia que permita ao filme destacar-se em meio a tantas produções similares neste gênero.

No longa o adolescente Jaime Reyes (Xolo Maridueña) ganha superpoderes quando um escaravelho alienígena misterioso se prende à sua coluna vertebral e passa conferir-lhe poderes incríveis por meio de uma poderosa armadura de cor azul. O artefato misterioso é acidentalmente dado a Reyes por Jenny Kord (Bruna Marquezine), sobrinha e herdeira da inescrupulosa Victoria Kord (Susan Sarandon), uma mega empresária que tenta a todo custo expandir seu império explorando os poderes do escaravelho descoberto pelo pai de Jenny, que tem o objetivo de impedir que sua tia tenha sucesso em sua empreitada.

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O diretor Angel Manuel Soto apodera-se de todos os clichês mais manjados dos filmes de heróis para contar a sua história, como, por exemplo, o protagonista improvável que ganha poderes e torna-se um herói (com grandes poderes…), mas consegue achar sua dose de originalidade ao focar sua narrativa na relação da família Reyes, constituída pela irmã sincerona Milagro (Belissa Escobedo), o tio figuraça Rudy (George Lopez), o pai otimista Alberto (Damian Alcázar), a avó sem filtro Nana (Adriana Bazarra) e a mãe protetora Rocio (Elpidia Carrillo).

Nesse ponto o filme tem seus melhores diálogos e torna-se mais interessante, já que a vilã vivida em piloto automático por Susan Sarandon é tão genérica e sem graça que mal justifica as ações do protagonista para salvar o dia.

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Mas se o roteiro não ajuda muito pela originalidade, ao menos os efeitos conseguem dar conta do recado e não comprometem o resultado final, sendo outro destaque positivo do filme que em nenhum momento mostra-se como parte de um universo maior de super-herois, o que revela-se um grande acerto considerando-se que o universo de Zack Snider encontrará seu fim ainda este ano e que James Gunn trabalha a todo vapor para entregar uma nova franquia de filmes conectados, ao qual Besouro Azul poderá integrar.

No fim das contas Besouro Azul é um bom filme, e tem tudo aquilo que nos acostumamos a ver nos filmes de herói, mas esse também acaba sendo seu maior problema, já que a falta de ousadia do roteiro faz com que o filme seja uma nova versão de tudo aquilo que o público está cansado de ver em outras produções do estilo. Os personagens têm potencial para mostrarem muito mais do que foi mostrado nesse filme, mas necessitam urgentemente de um cineasta no comando que não tenha medo de sair do lugar comum.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.