Crítica – Arcane: Ato I (2021)
Antes de tudo, vou propor a vocês como vou analisar essa primeira investida da Riot Games em um seriado com suas propriedades intelectuais. Caso não saibam, a série está sendo liberada em blocos de três episódios a cada semana.
Por isso, pela duração dos episódios e o tempo de maratona a cada leva – e também pela estrutura de atos proposta pela própria série – vou analisar cada arco como um filme em episódios. Dessa forma, poderemos ver como a narrativa se desenvolve em cada uma deles. No fim, darei uma nota final para a temporada.
Antes disso, vamos a uma dúvida importante que você pode ter.
Preciso ser um jogador?
Primeiramente, os expectadores que não são jogadores não precisam se preocupar. A série se sustenta sozinha nesses três primeiros episódios e felizmente tem carisma bastante para não precisar de qualquer conhecimento prévio para que se possa aproveitar. O que não significa que não haja aqui um universo de referências e até mesmo novas informações que redefinem o lore do jogo. Tudo está muito bem colocado.
“Arcane” é uma série animada de televisão ambientada no universo de League of Legends, comemorando o 10º aniversário do jogo. A trama acompanha diversos personagens, em especial as irmãs Violet e Powder que tentam sobreviver e se provar no submundo daquele universo. Em paralelo, uma outra trama gira em torno de uma tecnologia mágica conhecida com hextec que dá a qualquer pessoa a habilidade de controlar energia mística e essa ferramenta acaba causando um desequilíbrio entre os reinos.
O coração do primeiro ato são os conflitos. Seja o conflito social entre as duas cidades, ou o conflito entre gerações ou mesmo entre o progresso e a segurança. Enquanto um personagem busca provar seu valor como cientista e nos inspira, o conflito das duas irmãs dá a tônica emocional dos episódios.
Primor técnico
Tudo isso, claro, sem ignorar a necessidade de uma arte linda e orgânica que enche os olhos. O modo como a série emula movimentos de câmera, como combina movimentos sofisticados de raccord e planos complexos é de encher os olhos.
Além disso, a trilha sonora também é fantástica. Embora, verdade seja dita, não poderia ser por menos. Quem acompanha a trajetória da Riot com esses personagens sabe que os clipes de cinemática foram seu grande laboratório para esta série. Ainda assim, o tema de abertura feito pela banda Imagine Dragons empolga na medida certa – recomendo fortemente que vejam o clipe da música também.
Depois de décadas de conflito entre os games e suas contrapartes na sétima arte, parece que vivemnos um bom momento. Depois que “Sonic” mostrou que ouvir os fãs oferece retorno financeiro e “The Witcher” conseguiu abrir as portas de forma competente a um novo público – em especial pelo apelo do elenco-, agora a Riot mostra como é importante que os criadores tenham controle criativo. Talvez o único paralelo recente, em termos de qualidade, para isso seja a animação – também da Netflix -, “Castlevania“. Sugerem bons tempos no futuro.
Por fim, o jogo ganha vida, através da narrativa. E aqueles que o tornaram meme anos a fio terão que engolir.
Arcane: Ato 1 (Arcane: League of Legends)
Netflix
2021
Animação, Aventura
Produzido por Riot Games
Elenco:
Hailee Steinfeld, Mia Sinclair Jenness, JB Blanc, Harry Lloyd