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Crítica | Armageddon Time

Armageddon Time novo filme de James Gray exibido nos Festivais de Cannes, de Nova York e Telluride   e que esteve 46° Mostra Internacional de cinema de São Paulo estreia essa semana nos cinemas pela Universal Pictures

É um filme contemplativo e reflexivo na qual vemos uma história se passar pelos olhos de um jovem menino que ainda está tentando compreender o mundo e se encaixar nele enquanto o vemos rodeado pela vida familiar dos anos 80

O filme tem produção da RT Features do brasileiro Rodrigo Teixeira que atua como produtor junto de Lourenço Sant’Anna e Rodrigo Gutierrez

Sinopse

O ano é 1980, Ronald Reagan será eleito e o jovem Paul está na escola. Após desrespeitar as regras do estabelecimento ao lado de um amigo negro, sua mãe Esther (Anne Hathaway) quer que ele se distancie.

Ela lembra das dificuldades que a família de imigrantes judeus enfrentou para perseguir o sonho americano e o transfere para uma instituição de ensino comandada por Maryanne (Jessica Chastain). Bom conselheiro, o avô (Anthony Hopkins) de Paul incentiva ele a enfrentar o preconceito existente em relação a sua leal e profunda amizade. Assim, o ancião acredita que seu neto crescerá um homem melhor.

James Gray o contador de histórias

James Gray é diretor e roteirista do filme e trás uma visão mais pessoal dos acontecimentos que permeiam o filme  sendo considerado um “coming age movie” falando ao mesmo tempo sobre memórias, o afeto familiar, sobre sonhos, através do jovem Paul Graff (Banks Repeta) e seus familiares principalmente seu avô Aaron ( Antony Hopkins) a qual escuta atentamente os seus conselhos, a sua mãe Esther interpretada por Anne Hathaway que é uma mulher a frente do seu tempo e seu pai Irving (Jeremy Strong) o patriarca da família

Paul cria um vinculo com um colega de classe chamado John Davis ( Jaylin Webb) um jovem negro onde os dois forma uma grande e bonita amizade vivendo algumas aventuras mas que esbarram entre outras coisas como um ter um alicerce familiar e o outro quase não possuir nenhuma.

Ao mesmo tempo que debate assuntos como sonho americano, juventude, pertencimento  desigualdade social e racismo estrutural

Debater assuntos sérios com grande elenco fazem o filme ser mais atraente

Paul não entende o racismo e como ele esta intrincado na sociedade mas começa a compreender quando as pessoas a sua volta tratam o seu amigo diferente

Mesmo que ressoe as palavras de seu avô em ele ser sempre integro não importa como Paul tem que fazer escolhas ou os outros também farão as escolhas por ele. Mesmo as mais puras amizades e lealdades serão postas a mesa quer ele queira ou não.

Gostei bastante das atuações dos jovens atores que fazem Paul (Banks Repeta) e seu amigo John Davis ( Jaylin Webb) ( ps esse menino futuramente quem sabe poderia ser o super choque ) eles tem muito potencial  Banks Repeta me lembrou da atuação de uma jovem Saoirse Ronan em começo de carreira

Agora os que realmente se destacam são Anne Hathaway, Jeremy Strong e Antony Hopkins com o núcleo familiar da família Graff 

Anne Hathaway ( Esther ) Jeremy Strong ( Irving) e Antony Hopkins ( Vovô Aaron)

Esses 3 personagens são muito importantes para a historia de Paul e para o filme em si e cada um mostra sua força e suas fraquezas são grandes atores em ótimos papéis e um roteiro que balanceia isso de forma linda e faz uma conexão que soa muito natural

Destaque também para Jessica Chastain que faz uma única cena como uma personagem real  Maryanne Trump ( irmã de Donald Trump) mas mostra aquele poder de influencia que a familia Trump tinha e ainda tem atualmente em certos pontos.(outros membros da família Trump também aparecem no filme)

Diretor James Gray e Jessica Chastains ( Maryanne Trump)

Curiosidade o elenco inicial do filme era composto por Cate Blanchett, Robert De Niro, Oscar Isaac, Donald Sutherland, e Anne Hathaway

O fim de uma era. O início de tudo 

Mas não é somente da juventude, sonhos, desigualdade que o filme fala, mas também sobre lealdade, amizade e sobre privilégios  e o tentar ser integro mesmo em uma sociedade mordaz não a toa o filme ganhou esse título

O Tempo que transforma os meninos em homens pode ser também muito cruel nem todos tem a mesma chance e nem todos parecem merecer ter uma chance mesmo que queiram ou mereçam, apesar dele ter um final inconclusivo  e digamos insatisfatório ele é um ótimo  filme  mesmo sendo mais reflexivo e intimista mas que as 2:30hrs passaram tranquilamente apesar de parecer ter um tom mais pesado nos trailers com isso Armageddon Time é uma ótima pedida para os cinemas

Karen Araki

Nerd baixinha sem tatoo, apaixonada e entusiasta da cultura pop, ama tanto cinema como livros, série e tv.