Crítica – BARBIE
Lembro de quando eu era criança, éramos em quatro irmãos duas meninas e dois meninos. Eu e minha irmã amávamos brincar de Barbie, enquanto meus irmãos queriam jogar bola, nós os convencíamos a brincar com a gente depois de jogar bola com eles. E assim vivemos muitos momentos incríveis, criando mundos, histórias e claro memórias afetivas.
Depois que fui crescendo fui entendo que aquela não era uma boneca que me representava. Pois totalmente fora do estereótipo da boneca, comecei a pegar um certo ranço, confesso. Alguns anos mais tarde, depois que já não brincava mais com as Barbies, comecei a ver que elas agora eram de todo tipo. Brancas, pretas, pardas, asiáticas, entre tantas outras que ali se tornavam várias meninas que se viam na boneca. E lembrei daquela menininha que brincava com seus irmãos criando histórias.
Por que eu estou falando sobre isso? Bom, porque quando eu assisti ao filme, a menininha apareceu mais uma vez.
Já nos primeiros minutos do filme nós podemos sentir o primeiro motivo da criação da boneca. Aquela primeira alfinetada na sociedade patriarcal em que vivemos, não fomos feitas apenas para sermos mães.
Quando entramos no mundo cor de rosa da Barbielândia, a tela foi preenchida de uma perfeição inexistente, em um mundo que existe no nosso faz de conta. O verdadeiro mundo da imaginação. Onde nós mulheres éramos fortes, completas e autossuficientes.
Assim que a Barbie de Margot Robbie começa a entrar em crise existencial, ali sim começamos a nos identificar com ela. Pois ali aquela mulher perfeita começa a trazer nuances da nossa realidade do mundo real.
No decorrer do filme vemos a real intenção de criar um filme da Barbie. Não é o de uma história fútil onde só pensamos na perfeição de uma boneca, mas um filme que nos traz questionamentos sobre o que viver em nossa realidade, nossas dores, lutas, aquela velha e boa máxima, o quanto a mulher tem que provar que é capaz, em um mundo que o patriarcado ainda é dominante.
Aquela Gabi de anos atrás, que criava suas próprias histórias ao lado de sua irmã e irmãos, se identificou com tudo desse filme. Desde as pequenas referências, aos questionamentos e problemáticas em relação ao feminismo e também a dependência emocional.
Eu simplesmente amei o filme, do começo ao fim. Lindo, forte e com atuações impecáveis.
E sinceramente, você que achar que está político demais, é porque com certeza não vive na pele de uma mulher.