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Crítica | O Diabo Branco, 2019

Embora caminhe por lugares conhecidos para os fãs de terror, “O Diabo Branco”, primeiro filme de Ignacio Rogers começa de forma bastante promissora. Na trama, dois casais viajam rumo a uma cabana isolada no interior para acampar próximo a um lago. No caminho, encontram túmulos à beira da estrada, percebem vultos nas árvores e pessoas estranhas.

Acima de tudo, há um clima que instiga durante todo o começo da produção, o diretor aposta no que parece uma grande homenagem ao gênero. A produção evita subverter os clichês tanto quando passa longe de reproduzi-los de forma acrítica.

O mais problema surge durante o segundo ato. Quando a tal entidade conhecida como Diabo Branco surge e no momento em que entram em cena seitas satânicas, lendas milenares e rituais sangrentos. A influência dos novos “pós-terror” nos leva atés resoluções pouco convincentes e pequenos climax que não funcionam. Ao fim,  o sentimento acaba sendo um pouco frustrante, apesar dos não menores achados visuais, méritos tanto da direção que cria quadros lindos quanto do diretor de fotografia Fernando Lockett.

Há, é claro, um grande valor no fato de ser uma produção latino americana. Como os personagens interpretados por Violeta Urtizberea, Ezequiel Díaz, Julián Tello e Martina Juncadella nos sejam mais próximos e mais empáticos, pela linguagem verbal e corporal, do que qualquer grupo de jovens em um acampamento qualquer no interior dos Estados Unidos.

Essa proximidade também se dá no roteiro, O maior trunfo para isso é o roteiro, que Rgers escreveu junto com Paula Manzone e Santiago Fernandez. Ao remeter aos fantasmas da colonização já provoca uma certa empatia do espectador, cada dia mais consciente de que a ação dos colonizadores de uma violência sem tamanho. O que talvez fosse gerador de um choque maior, não fosse a ausẽncia de urgência nos protagonistas e perseguidores.

No fim, de novo, acaba decepcionando. Embora não abandone o tom de homenagem em todo o momento, sendo leal às suas premissas até o último segundo, acaba levantando mais uma vez a questão de quão frutífero é homenagear um gênero se o resultado acaba sendo convencional, apenas uma cópia borrada de originais que, em sua maioria, não produzem uma relação emotiva com o expectador.

Veja o trailer

O diabo branco (El Diablo Blanco)
País: Argentina-Brasil
2019
Direção: Ignacio Rogers
Roteiro: Ignacion Rogers, Paula Manzone e Santiago Fernández

Elenco: Ezequiel Díaz, Violeta Urtizberea, Julián Tello, Martina Juncadella, William Prociuk, Ailín Salas, Nicola Siri e Teresita Terraf.