Críticas

Crítica | Os Suburbanos (2022)

Há certos filmes que são ruins. Há outros, que meramente são mal acabados. Existem, ainda, aqueles que são de mal gosto e os que testam a paciência do espectador. Evidente que, começando uma crítica assim, você espere que eu fale sobre um filme em que nada se salva. É verdade, estão certos.

Há um certo trabalho da crítica que passa além do simples guia de consumo. Há um esforço real do crítico, do bom crítico, em trazer uma reflexão mesmo a partir da maior das bobagens. É por isso que estou há dois parágrafos falando trivialidades. Coloquemos as coisas em termo, afinal, este é um guia de consumo.

Veja por sua conta e risco

Na trama, que se passa no fim dos anos 2000, acompanhamos Jefinho (Rodrigo Sant’anna), um jovem que faz de tudo para encontrar o sucesso como cantor numa banda de pagode.

Enquanto não alcança o sucesso, divide seu tempo entre (preparem-se ) ser músico, limpar a piscina do dono de uma gravadora, ter um caso tórrido com a esposa dele, se meter em uma rebelião na cadeia, aceitar a homossexualidade do padrinho e receber a notícia que será pai. Esta é a sinopse oficial minimamente organizada.

Derivado da série de Tv de mesmo nome, o filme trás no elenco principal nomes como Babu Santana, Carla Cristina e Nando Cunha, entre outros. A salada é tanta que parece ser exatamente o que é: um quadro extenso do “Zorra Total”. Auto condescendente quando se pretende a ser politicamente correto, o filme zomba claramente numa classe média que julga como estúpida, incapaz de rir de si mesma e apontando dedos para outros, mas que ainda se julga nobre, ao incluir excertos de politicamente correto destruído durante quase todo filme em acenos aqui e ali, como cerdas de seda em uma almofada de espuma.

Um fruto de seu tempo

É preciso dizer, no entanto que isso não uma falha original deste filme. Há muito urge uma profunda reflexão sobre as escolas de humor construídas pós advento da internet e da geração stand up comedy.

Talvez seja a hora de alguém dizer que a caricatura pela caricatura já não vale como valeu antes e que não basta criar tipos para fazer comédia de classe e costumes. Enquanto o humor seguir mirando nos alvos fáceis, será difícil se provar como já fizeram no passado. Podemos mais do que isso.