Crítica- The Cuphead Show! (2022)
“The Cuphead Show!“, que estreou na última sexta-feira na Netflix, é uma coleção de desenhos animados com ar de produção independente que homenageia todos os tropos de animação clássica dos primórdios do cinema e da Tv.
Primeiramente, vamos tentar esboçar uma sinopse. A série acompanha as desventuras do impulsivo Xicrinho e seu ingênuo irmão Caneco – as felizes traduções de Cuphead e Mugman – , que envolvem cuidar de hortas, de um bebê e, eventualmente, impedir que o diabo roube suas almas.
Do jogo indie aos streamings
Tendo sua origem em um jogo que tem como título o nome do protagonista, o projeto já nasceu saudosista desde o início. Lançado em 2017, o game tinha ss animações desenhadas à mão e propositalmente imperfeitas e uma trilha sonora de jazz gravada em analógico.
A produção da Netflix claramente tem um orçamento maior, e usa isso para entregar tudo aquilo que os mais antigos desenhos do Mickey e dos Looney Tunes entregavam, quando ainda eram curtas que iam para sessões de antologia nos cinemas.
Para leitores brasileiros, pensem no Pica-Pau biruta, reprisado à exaustão nos mais diversos canais – sem jamais perder sua força. O mundo de Xiquinho e Caneco é um mundo em que se pode encontrar um bebê abandonado na porta da frente de casa, onde as antenas de rádio enchem o céu de estática visível, legumes são boêmios e sapos lutam boxe.
Mais esperto que o diabo
Tentando ser ao mesmo tempo um exercício criativo que entra de cabeça na exploração de um gênero e um produto divertido que possa ser assistido em família, a série no entanto acaba limando parte dos dois potenciais.
Não que seja um fracasso em qualquer um deles, pelo contrário, conseguindo operar com facilidade entre suas pretensões, mas sempre provocando uma sensação de que era possível dar um passo a mais em uma ou outra direção. Com o sucesso na plataforma, quem sabe numa segunda temporada.
Existem esperanças, a julgar por exemplo como o principal antagonista – O Diabo – é tratado. Particularmenre, há uma cena bem perto do final em que o cramunhão se transforma em uma série de animais selvagens, que é animada de forma tão assustadora que realmente lembra momentos mais ousados – pasme – da década de trinta . Novamente, homenagem a uma época em que o entretenimento não hesitaria em assustar as crianças.
Cabe torcer que essa ousadia permaneça e seja recompensada. Que esta boa primeira temporada renda ótimos materiais no futuro.
The Cuphead Show!
EUA – 2022
Direção: Adam Paloian, Clay Morrow
