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Indicados ao Oscar de melhor filme – 2023 Top Gun: Maverick

Em um mundo ideal o vencedor na categoria de melhor filme do Óscar seria um daqueles filmes capazes de despertar paixões, de contar uma história capaz de criar uma conexão com o público, de envolver a audiência de tal maneira que faria o expectador lamentar pelo surgimento dos créditos que indicariam o término daquela experiência cinematográfica memorável.

Um dos poucos longas da safra de 2022 realmente capaz de preencher os requisitos para tornar-se um vencedor do Óscar em nosso mundo fictício é Top Gun: Maverick, a continuação direta do grande sucesso da década de 80, estrelado por Tom Cruise e indicado (no mundo real) à cobiçada estatueta dourada nas categorias de melhor filme, roteiro adaptado, efeitos visuais, montagem e som.

Imagem: Divulgação

O filme dá continuidade à trajetória de Pete “Maverick” Mitchel (Tom Cruise) que após mais de 30 anos de serviços prestados à Marinha como um de seus principais aviadores é designado para um novo desafio: retornar à Top Gun para treinar um pequeno grupo de jovens prodígios da aviação em uma missão impossível (ops) que envolve a destruição de uma usina de enriquecimento de urânio.

Considerando-se o atual avanço tecnológico e bélico da Marinha americana, com armas avançadas e drones de última geração que dispensam a necessidade de um piloto, Maverick precisa provar que o fator humano ainda é preponderante na aviação do século XXI. Um ponto muito curioso é o paralelo existente entre o desafio de Maverick, em Top Gun e Tom Cruise na vida real, uma vez que a sétima arte encontra-se hoje inundada por filmes com grande apelo visual, muito CGI, sons e explosões mirabolantes e nesse mesmo contexto os filmes de Cruise, que dispensa dublês em suas cenas, continuam destacando-se ao explorar os limites da atuação, com roteiros e cenas mirabolantes que exigem muito mais do ator que da tecnologia.

Imagem: Divulgação

Aliás a simplicidade do roteiro é um dos pontos altos do filme, que entrega uma trama nostálgica, como não poderia deixar de ser em uma continuação realizada tantos anos após o original Ases Indomáveis, mas que ainda consegue trazer novos desafios ao experiente aviador e também ao público, que acompanha as manobras aéreas de dentro da cabine dos pilotos, quase que como em um simulador de voo, fazendo com que a experiência cinematográfica torne-se totalmente imersiva.

As tomadas aéreas durante o treinamento da equipe e as cenas de perseguição no clímax da ação são tão trabalhadas que a adrenalina e a emoção dos pilotos consegue ser sentida pelo público, favorecendo uma sinergia tão grande entre público e personagens como poucas vezes vista na história recente da sétima arte.

Imagem: Divulgação

Não trata-se apenas de um típico longa com batalhas aéreas e visuais exuberantes e sim de um filme com alma, que proporciona ao público emoção genuína, que dialoga com a audiência de forma direta e simples, sem aquele tom excessivamente intelectual de filmes que quase ninguém entende e que exigem algum tipo de esclarecimento ao final de sua exibição para que se possa entender o que o cineasta quis dizer com aquele filme. Top Gun: Maverick faz o simples, mas faz isso tão bem que suas pouco mais de duas horas de duração chegam a parecer pouco tempo diante do alto nível de entretenimento proporcionado.

Imagem: Divulgação

Dificilmente Maverick será consagrado como o melhor filme na próxima cerimônia do Óscar, o que não impede que seja reconhecido por boa parte do público como o melhor filme do ano de 2022. Certamente as façanhas cinematográficas de Tom Cruise, embora não tenham o devido reconhecimento da indústria especializada, buscam conectar-se com o público real, com as pessoas que pagam o ingresso no cinema e desfrutam da experiência cinematográfica ao lado dos amigos, dividindo um generoso balde de pipoca. O reconhecimento desse público, e alguns milhões de dólares para ajudar a pagar as contas, é que parecem mover Tom Cruise em suas empreitadas na sétima arte e que realmente fazem valer cada centavo pago pelo ingresso. Hoje esse tipo de espetáculo não ganha prêmios, mas talvez um dia essa realidade venha a ser superada, a emoção seja considerada mais importante que a técnica e possamos viver em um mundo um pouco mais ideal.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.