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She – Hulk – crítica do episódio 9 – O complexo de Tiririca

O último episódio da série da Defensora de heróis conseguiu resumir o que a Marvel mostrou ao longo de toda a temporada de She-Hulk: Muitas piadas, raríssimas cenas de ação, quebra da quarta parede, participações especiais e pouca coisa boa de verdade.

No derradeiro episódio da temporada Jennifer Walters foi presa por ter perdido o controle ao ter sua vida privada exposta a desconhecidos pela intelligência, um grupo hacker bem peculiar que intentava secretamente obter os poderes de Hulk para benefícios próprios.

Imagem: Divulgação

 

O grupo inimigo foi paulatinamente sendo introduzido ao longo da série em matérias de sites na internet e em comentários de amigos da protagonista, mas a sua participação na trama foi tão irrelevante e sem um propósito claro que mesmo a revelação do grande plano não foi suficiente para estabelecer uma conexão com o público, algo que somente aconteceu no episódio anterior, mais por mérito da aguardada aparição do Demolidor do que pela história em si.
Uma vez impedida pela justiça de utilizar seus poderes, Jenn resolve passar um tempo no refúgio de Emil Blonski para pôr as ideias em ordem, e lá depara-se com o grupo rival reunido e celebrando a derrocada da heroína até que uma confusão generalizada se estabelece com personagens como Hulk, Titânia e até o Demolidor aparecendo de forma aleatória e totalmente inexplicável.

Imagem: Divulgação

A falta de nexo sempre fez parte da grande fórmula Marvel no início das histórias, como nos primeiros episódios de WandaVision, por exemplo, mas aquela confusão inicial sempre tinha um propósito específico e muito bem amarrado na conclusão das histórias contadas. Em She-Hulk aquela confusão inicial estende-se ao longo da série e na conclusão fica pior ainda, sem nada fazer muito sentido, sem nenhum propósito relevante que justifique toda a bagunça mostrada ao longo dos 9 episódios.
Para piorar as coisas, em meio ao caos generalizado, a protagonista utiliza o recurso da quebra da quarta parede e acessa os bastidores da produção, conversando com roteiristas e diretores, até chegar ao todo poderoso “K.e.v.i.n” uma espécie de robô que comanda as principais decisões do MCU e uma clara homenagem a Kevin Feige, presidente da Marvel Studios. Quando a própria personagem título invade as engrenagens do estúdio de produção para alterar os rumos de sua própria história, percebe-se como a coisa vai mal.
Imagem: Divulgação

Não há em She-Hulk um verdadeiro compromisso em se contar uma boa história, mas apenas em inovar com uma personagem que conversa diretamente com o público, como visto de maneira tão eficaz em Deadpool. O problema na série da Marvel é a inexistência de um problema claro a ser resolvido ou de um grande vilão a ser derrotado, algo que permita ao público criar uma identificação com uma personagem.
Com um roteiro reestruturado pela própria protagonista a série chega a uma conclusão com o desmantelamento do grupo hacker “inteligência”, a prisão dos “vilões” e um grande almoço em família com as presenças ilustres de Matt Murdock e do próprio Hulk, que apresenta ao público a única informação verdadeiramente relevante do episódio: seu filho Skaar.

Imagem: Divulgação

She-Hulk ao final de seus 9 episódios termina da mesma maneira despretensiosa que iniciou e revela-se um grande desperdício, considerando-se que o talento de Tatiana Maslany foi emprestado a uma personagem pouco carismática em uma história pouco relevante. Considerando-se a repercussão negativa da maior parte do público uma segunda temporada poderá revelar uma consistente alteração nos rumos da personagem no MCU, ou talvez She-Hulk continue sendo um alívio cômico sem maiores pretensões no Universo Cinematográfico da Marvel. Mas pelo que foi mostrado até aqui, percebe-se que She-Hulk sofre de um caso crônico daquilo que a medicina moderna denomina “complexo de Tiririca”: Pior do que tá não fica.

william

Direito por formação, Nerd e Otaku por inspiração, Cinéflo por concepção, Redator nas horas de solidão, Pai e marido por paixão e Cristão por convicção.