She–Hulk – Crítica do episódios 6 a 8 – Marvel voltando às origens
A série She-Hulk: Defensora de heróis estabeleceu-se no grande universo compartilhado da Marvel contando as desventuras de Jeniffer Walters, uma advogada insegura que embora tenha, acidentalmente, recebido os incríveis poderes de Hulk, deixa de lado sua força incomparável para defender super-humanos nos tribunais em casos de pouquíssima relevância.
No episódio 6 a heroína é convidada para ir ao casamento de uma velha amiga e ali depara-se com Titânia, a influencer egocêntrica que tenta rivalizar contra a Mulher Hulk, e cujo o embate gera mais cenas de uma fraquíssima comédia pastelão do que uma luta de verdade. No episódio seguinte entitulado “A terapia”, a heroica advogada precisa visitar seu antigo cliente Emil Blonsk, alter ego do vilão Abominável, e acaba sendo inserida em uma espécie de terapia com um grupo de vilões em processo de reabilitação. Nenhuma trama realmente interessante, nenhum desenrolar capaz de prender a atenção da audiência é visto em quaisquer episódios mostrados, até que para a grata surpresa dos fãs, eis que surge episódio 8 “Coaxando e saltando”, e que episódio.
O oitavo episódio da temporada tem a tão esperada participação de Matt Murdock (Charlie Cox) defendendo nos tribunais o alfaiate de trajes de super-heróis Luke Jacobson (Griffin Matthews) contra a acusação de um de seus clientes, o homem-sapo defendido por Jenn, de que um defeito no seu traje teria lhe causado sérias lesões corporais. No embate jurídico o advogado cego leva a melhor e livra a pele de seu cliente de implicações legais, embora sua vitória nos tribunais desencadeie uma série de eventos que obrigam o virtuoso advogado a ceder espaço para a aparição do Homem sem medo.
Após ser derrotado nos tribunais o homem sapo decide sequestrar o alfaiate e obrigá-lo a confeccionar novos trajes para ele e sua gangue, fato que põe em rota de colisão o Demolidor e a Mulher Hulk, que entram em cena buscando defender seus respectivos clientes e claro, medindo forças no processo, para a alegria dos fãs.
Charlie Cox está tão à vontade personificando o Demolidor e sua presença na tela é tão marcante que em muitos momentos torna-se difícil para o espectador distinguir qual dos dois heróis é realmente o coadjuvante nesse episódio.
Passada a confusão inicial e esclarecidas as devidas circunstâncias os heróis unem-se no propósito de libertarem o alfaiate, invadem o QG inimigo e aí podemos contemplar o Demolidor em sua plena forma, com ótimas sequências de luta, naquele mesmo estilo consagrado na série da Netflix, com direito a luta no corredor e tudo mais.
A trama do episódio em si nem é tão mirabolante, mas a química entre os atores funciona tão bem que qualquer eventual deslize do roteiro perde relevância diante do (curto) espetáculo proporcionado. Por fim, como fica evidente desde o primeiro encontro entre os heróis, a química do casal extrapola a seara do combate ao crime e invade o campo do romance, algo que poderá ser bem explorado futuramente na série solo do homem sem medo.
Nesse penúltimo episódio a série da defensora de heróis finalmente conseguiu entregar ao público o tipo de entretenimento a que os fãs foram acostumados a contemplar no universo compartilhado, com piadas na hora certa, e que complementem as boas cenas de ação, sem comprometê-las ou substituí-las. Infelizmente o oitavo episódio de She-Hulk é um ponto fora da curva, numa série em que pouca coisa ao foi entregue, mas ao menos serviu ao propósito de lembrar o que a Marvel pode fazer de melhor. A Marvel como a Marvel deveria ser.